Nuno Brás recordou que, quando deflagrou a pandemia, pediu à Padroeira da Madeira que olhasse pelos seus habitantes.
"Senhora do Monte, há cinco meses a Diocese do Funchal voltou a entregar-se nas tuas mãos e à tua intercessão. Pediu-te, por meio do seu Bispo, que protegesses os seus habitantes nesta pandemia que ameaça a vida individual e social, a prosperidade e o desenvolvimento das nossas populações", lembrou, concluindo que a não observância de mortes no arquipélago se deve, por uma questão de fé, a Nossa Senhora do Monte.
Na missa das Festas de nossa Senhora do Monte, celebrada na Igreja do Monte, Nuno Brás reconheceu que "poderá acontecer que, nos tempos futuros, sucedam mortes ou uma qualquer outra desgraça causada ainda por esta pandemia que teima em não desaparecer".
"Mas nem por isso havemos de fechar o nosso coração, perdendo a graça de nos maravilharmos e de perceber Deus bem próximo, por meio da intercessão de Nossa Senhora do Monte", observou, na missa que teve a presença do representante da República, Ireneu Barreto, do presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, José Manuel Rodrigues, do presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, e do presidente da Câmara Municipal do Funchal, Miguel Gouveia entre outras entidades civis e militares.
O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, reconheceu que a Festa de Nossa Senhora do Monte é este ano realizada de forma diferente sem arraiais, nem procissão pelo respeito das orientações sanitárias ditadas pelas autoridades de saúde.
"É uma manifestação de fé e as circunstâncias alteraram-se, mas as pessoas continuam a manifestar a sua devoção a Nossa Senhora do Monte, que é a Padroeira da Região Autónoma da Madeira", referiu, considerando ser importante agradecer as graças recebidas no controlo da pandemia.
"Nós temos, por um lado, de agradecer termos a situação controlada e, por outro, temos de ter fé e esperança no futuro. Não podemos brincar nesta atual situação", sublinhou.
A Madeira tem 130 casos confirmados de covid-19, dos quais 100 doentes estão recuperados e 30 infetados ativos.
A 15 de agosto de 2017, a Festa de Nossa Senhora do Monte foi palco de um trágico incidente que causou 13 mortes e cinco dezenas de feridos quando, por altura da passagem da procissão, um carvalho centenário se abateu sobre as pessoas que aguardavam a passagem do cortejo religioso.
O caso está a ser dirimido no Tribunal sendo arguidos neste processo a vice-presidente da autarquia, Idalina Perestrelo – responsável pelos pelouros do Ambiente Urbano, Espaços Verdes e Públicos e o chefe da Divisão de Jardins e Espaços Verdes da Câmara Municipal do Funchal, Francisco Andrade.
Os arguidos pediram a instrução porque consideram que não deviam ser pronunciados para julgamento.
Em fase de inquérito, o então presidente do município funchalense, Paulo Cafôfo, foi constituído arguido, mas o Ministério Público acabou por não o acusar, optando pelo arquivamento, porque o autarca havia delegado as competências destes espaços noutros elementos da equipa.
Contudo, alguns dos familiares das vítimas não concordaram com a decisão e requereram que Paulo Cafôfo também respondesse neste processo, mas os pedidos foram rejeitados pela juíza de instrução.
A fase de instrução deste processo começou, à porta fechada, a 04 de outubro de 2019 e deverá prosseguir em setembro depois deter sido interrompido devido à pandemia da Covid-19.