O Instituto Nacional de Virologia Robert Koch, a entidade responsável por monitorizar a evolução da pandemia, relatou hoje um aumento na taxa de infeção (RO) – o número médio que uma pessoa infetada pode contaminar – que passou para níveis potencialmente perigosos, subindo de 0,7 para entre 1 e 1,1 em poucos dias.
O instituto reconheceu que ainda era muito cedo para tirar conclusões, mas um relatório hoje divulgado defende que os números de infeção "devem ser monitorados de perto nos próximos dias".
Hoje, a Alemanha registou 169.218 casos de contaminação, com 667 nas últimas 24 horas, o que é pouco comparado à média da última semana.
O número de mortos é 7.395, uma taxa de mortalidade de 4,4%, inferior à da maioria dos outros países de grande porte.
Nesse contexto, as autoridades anunciaram na quarta-feira um regresso gradual ao normal, após o início do desconfinamento, em 20 de abril, com a reabertura de escolas primárias e restaurantes.
Contudo, após alguns dias de desconfinamento, começaram a surgir sinais de novos surtos, que estão a preocupar as autoridades, sobretudo em alguns cantões.
As novas fontes de contaminação foram detetadas em casas de repouso e oficinas industriais de processamento de carne, empregando centenas de trabalhadores estrangeiros em condições higiénicas questionáveis.
Várias dessas oficinas foram encerradas e foram encomendados testes em larga escala nesse setor.
Além disso, ainda há preocupações sobre o plano da Liga Alemã de Futebol de retomar os campeonatos da 1ª e 2ª Divisão, no próximo sábado, após a colocação em quarentena de uma equipa, o Dínamo de Dresden.
Apesar do desconfinamento acelerado na Alemanha, para parte da população o fim das restrições é insuficiente e vários milhares de pessoas manifestaram-se no sábado em várias cidades da Alemanha contra as medidas que ainda estão em vigor.
A polícia realizou algumas detenções na Alexanderplatz em Berlim, onde algumas dezenas de manifestantes se reuniram com gritos de "Liberdade! Liberdade!" ou "Nós somos o povo!", o slogan dos alemães orientais no final de 1989 que se manifestaram contra a ditadura da RDA comunista.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 279 mil mortos e infetou mais de 04 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Mais de 1,3 milhões de doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.
Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, vários países começaram a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos a aliviar diversas medidas.
C/Lusa