"Hoje solicitámos uma sessão especial do Conselho de Direitos Humanos da ONU para examinar a deterioração da situação dos direitos humanos na Ucrânia", comunicou a embaixadora ucraniana na ONU, Yevheniia Filipenko, num vídeo publicado no Twitter.
Pouco depois, as Nações Unidas anunciavam que a reunião se realiza a 12 de maio e que o pedido de Kiev foi apoiado por outros 15 Estados-membros do Conselho, incluindo França, Gâmbia, Japão, México, Estados Unidos e Polónia, e por 36 países observadores, incluindo Bulgária, Hungria, Suíça e Turquia.
"Juntos, estamos a enviar outra mensagem forte a [ao Presidente da Rússia, Vladimir] Putin e ao seu grupo de criminosos de guerra: está isolado como nunca antes", disse Filipenko no vídeo.
No Twitter, a missão da Ucrânia junto das Nações Unidas exorta o Conselho dos Direitos Humanos a "agir em resposta às terríveis violações e crimes de guerra cometidos pela Rússia na Ucrânia".
"Queremos que a ONU tome medidas concretas para combater as violações dos direitos humanos cometidas pela Rússia na Ucrânia e os crimes de guerra que comete diariamente contra o nosso povo", exortou a embaixadora ucraniana.
"Isto inclui uma investigação da Comissão de Inquérito sobre crimes cometidos pela Rússia em Bucha e outras áreas libertadas", acrescentou.
A diplomata ucraniana referiu ainda que "esta é também uma oportunidade para a comunidade internacional se concentrar na situação em Mariupol, bem como nas transferências forçadas da população e outras violações contra civis ucranianos inocentes".
Na primeira reunião extraordinária, em 3 e 4 de março, sobre a situação dos direitos humanos na Ucrânia resultante da agressão russa, o Conselho dos Direitos Humanos aprovou uma resolução através da qual decidiu criar com urgência uma comissão de inquérito internacional independente.
Foi a primeira vez que este órgão da ONU aprovou este mecanismo para um país na Europa e em relação a um dos cinco membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas: a Rússia.
O colombiano Pablo de Greiff, o norueguês Erik Mose e Jasminka Dzumhur, da Bósnia-Herzegovina, foram posteriormente nomeados membros dessa comissão de inquérito.
A Ucrânia convocou agora uma segunda reunião urgente e recebeu o apoio de dezenas de países para o efeito.
Desde o primeiro debate, vários massacres de civis foram reportados, nas cidades de Bucha, Borondianka, Hostomel e Chernigov, após a retirada das tropas russas, que recuaram para a zona mais a leste e sudeste da Ucrânia.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas, das quais mais de 5,5 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.