Convocada pelo movimento internacional “Fridays for Future” e organizada em Lisboa pelos ativistas do movimento “Greve Climática Estudantil”, a marcha de hoje levou os jovens à porta de vários estabelecimentos de ensino, mas também à porta da sede da empresa Redes Energéticas Nacionais (REN), sempre com a exigência de se parar o uso de combustíveis fósseis.
Ideal Maia, estudante de Física na Faculdade de Ciências e porta-voz da iniciativa, explicou à Lusa que o objetivo da marCcha foi o de mobilizar a sociedade para o fim dos combustíveis fósseis até 2030 e pela eletricidade 100% renovável e acessível até 2025.
“Já ocupamos as nossas escolas em novembro e o Governo continua a ignorar o nosso apelo, continua a proteger os interesses privados das empresas, à frente das nossas vidas. Não é preciso apenas estudantes, vai ser preciso toda a sociedade mobilizar-se e lutar connosco”, afirmou.
Ideal Maia lembrou que a partir de 26 de abril os estudantes vão voltar a ocupar escolas (como fizeram no ano passado), com as mesmas exigências de hoje, um movimento que, disse, só vai parar quanto tiver a adesão de pelo menos 1.500 pessoas.
“Percebemos, pelo aumento do custo de vida neste último ano, que as empresas, enquanto forem elas a liderar a produção energética, vão pôr sempre o lucro à frente da energia. Se queremos parar com os [combustíveis] fósseis envolve parar o gás que é usado para produzir eletricidade e envolve um sistema de eletricidade renovável e tem de ser acessível para toda a gente, porque a energia é um direito, não um luxo”, defendeu.
Com cartazes e palavras de ordem contra os combustíveis fósseis, os jovens na ação de Lisboa começaram a marcha na Alameda D. Afonso Henriques e fizerem paragens sucessivas em frente do Instituto Superior Técnico e das escolas D. Filipa de Lencastre, Rainha Dona Leonor e Padre António Vieira.
Pelo meio enfatizaram a necessidade de energias limpas, empregos dignos e uma mudança no sistema energético.
“Somos a natureza em autodefesa” e “Para a nossa espécie não ficar extinta, fim do fóssil até 2030” foram algumas das muitas palavras de ordem dos jovens, que lembraram ainda que a 13 de maio vão “parar o gás” no terminal de Sines.
O deputado Pedro Filipe Soares, do Bloco de Esquerda, participou também numa parte da manifestação, apoiando os jovens nas reivindicações.
Afirmando que no último ano, de “enorme provação”, quem enriqueceu foram os grandes grupos económicos das energias poluentes, o deputado disse aos jornalistas: “Quando precisávamos de fazer a transição climática são aqueles que nos trouxeram este caos climático que estão a ganhar”.
“É por isso necessário que nós nos levantemos enquanto sociedade para exigir uma mudança. E estes jovens mostram o exemplo dessa mudança necessária, para a geração deles mas para todas as gerações, para garantirmos que o mundo tem futuro”, acrescentou.
Lusa