O Departamento de Comércio dos Estados Unidos anunciou na segunda-feira que vai endurecer as sanções contra a chinesa Huawei e as suas 38 subsidiárias para impedir que tenham acesso a tecnologias norte-americanas para produzir ‘chips’ de processador e outros componentes dos telemóveis.
A administração dos Estados Unidos acusou a Huawei de usar as suas subsidiárias internacionais para contornar as sanções, referindo que o grupo representa um risco de segurança para o país devido aos seus laços com o Governo chinês, o que a Huawei nega.
Os Estados Unidos estão “a violar as regras do comércio internacional e a minar a cadeia industrial global, a cadeia de fornecimentos e a cadeia de valores”, acusou o Governo chinês através do porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Zhao Lijian.
Pequim “tomará as medidas necessárias para salvaguardar os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas”, disse Zhao, sem adiantar que ações serão adotadas.
A Huawei escusou-se a comentar a decisão dos EUA.
O presidente de unidade de consumo da empresa, Richard Yu, admitiu este mês que a Huawei está a ficar sem ‘chips’ de processador para os seus ‘smartphones’.
A Huawei projeta seus próprios ‘chips’, mas os mais avançados, a série Kirin, será interrompida em 15 de setembro porque a empresa depende de fabricantes externos que usam tecnologia norte-americana, anunciou Richard Zu.
A Huawei removeu vários componentes produzidos pelos Estados Unidos dos seus principais produtos quando o Presidente, Donald Trump, resolveu impor algumas sanções que impediam o acesso à tecnologia norte-americana.
As sanções anunciadas na segunda-feira visam alargar o controlo a componentes asiáticos e europeus desde que o processo de fabrico use tecnologia dos Estados Unidos, o que é comum.
As sanções anteriores já tinham impedido a Huawei de carregar músicas populares e outros serviços do Google nos seus ‘smartphones’, prejudicando a sua capacidade de competir em mercados fora da China.
A Huawei ultrapassou, no segundo trimestre deste ano, a Samsung e a Apple e tornou-se a marca de ‘smartphones’ mais vendida do mundo, graças a um forte aumento das vendas no populoso mercado da China, de acordo com a analista de mercados Canalys. As vendas no estrangeiro caíram 27% em relação ao mesmo período do ano passado.
No entanto, durante o mesmo período, a Huawei vendeu mais 8% na China, onde já controla mais de 70% do mercado de ‘smartphones’.
Fundada em 1987 por um ex-engenheiro militar, a Huawei nega as acusações de ajudar a espionagem chinesa, enquanto as autoridades chinesas acusam Washington de usar a segurança nacional como desculpa para impedir o sucesso de um concorrente da indústria de tecnologia.
“Quanto mais exagerados são os obstáculos criados pelos Estados Unidos à Huawei e a outras empresas chinesas, mais se prova o sucesso dessas empresas e a hipocrisia e arrogância dos Estados Unidos”, defendeu Zhao Lijian.
“Pedimos aos Estados Unidos que corrijam imediatamente os seus erros, parem de caluniar a China e parem de abolir as empresas chinesas”, apelou, acrescentando que “o Governo chinês continuará a tomar as medidas necessárias para salvaguardar os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas”.
O conflito entre a China e os Estados Unidos tem aumentado desde que os dois países assinaram um acordo comercial histórico, em janeiro, para acalmar as relações.
“A China fez-nos coisas terríveis. Eles [responsáveis chineses] poderiam ter parado. Travaram essa doença, que eu chamo vírus chinês. Impediram que se propagasse na China, mas não nos Estados Unidos e no resto do mundo”, afirmou na segunda-feira Donald Trump, referindo-se, numa entrevista dada à Fox News, à Huawei como “espiões”.
A administração Trump tem também pressionado os seus aliados para banirem os equipamentos da Huawei, acusando o grupo de partilhar dados com os serviços secretos do regime chinês e de colocar a sua tecnologia ao serviço da vigilância dos dissidentes e da repressão de um milhão de uigures.
O Reino Unido já proibiu a compra de novos equipamentos Huawei a partir de 31 de dezembro.
C/Lusa