Caracas, cidade até agora "protegida" por ser a sede dos poderes e do Governo, regista, desde sexta-feira, longas filas de viaturas com os motoristas à espera para deitar gasolina nos tanques, nas poucas estações de serviço que ainda têm combustível.
As filas, que até nas últimas semanas se registavam em Estados como Zúlia, Táchira, Trujillo, Cojedes, Apure, Carabobo e Lara, são agora visíveis em zonas caraquenhas como a avenida Francisco de Miranda, La Carlota, Los dos Caminos, Bolétiva, Rómulo Gallegos, El Marqués e até no populoso bairro pobre de Petare.
Noutras zonas da capital eram visíveis estações de combustível encerradas, uma situação que segundo a imprensa local se registava também nos vizinhos Estados de Miranda e Arágua.
Segundo a Câmara de Transporte do Centro, 70% das viaturas que transportam mercadorias, entre elas alimentos, verduras e hortaliças, para Caracas, funcionam com gasolina.
Iván Freitas, secretário da Federação Unitária de Trabalhadores Petrolíferos da Venezuela explicou aos jornalistas que a empresa estatal Petróleos de Venezuela SA, "tampouco tem gasóleo para abastecer os camiões-cisterna que distribuem a gasolina".
Por outro lado explicou que a escassez de combustível ronda os 80% em todo o território.
Em nome do Governo venezuelano, o Controlador-Geral da República (espécie de fiscalizador da atividade pública) anunciou que nos próximos dias 113 camiões-cisterna vão distribuir gasolina à população e atribuiu a escassez a uma "sabotagem".
"Há bombas (estações de serviço) que têm sete dispensadores e apenas dois funcionam. Isso gera uma fila preocupante. Além disso temos denúncias de que estão a ser bloqueadas (escondidas) as peças de reposição que usam os camiões que distribuem gasolina", disse à Unión Rádio.
Em agosto último o Governo venezuelano implementou um pacote de medidas económicas que eliminou cinco zeros ao bolívar forte, dando origem ao bolívar soberano.
Do pacote fez parte o aumento de impostos, a desvalorização da moeda venezuelana com relação ao dólar norte-americano e o anúncio de que a gasolina passaria de ser a mais barata do mundo para ser vendida, no país, a preços internacionais, o que ainda não aconteceu.
C/LUSA