O responsável clínico pelo Instituto da Próstata alerta para o aumento da frequência dos casos de cancro da próstata em Portugal e insiste na necessidade de rastreios anuais para aquela que é a segunda causa de morte oncológica.
“O número de doentes com cancro na próstata tem aumentado nos últimos anos. Isto acontece porque estamos a diagnosticar mais casos, mas também porque está a ocorrer um aumento da frequência da doença”, disse à agência Lusa José Santos Dias.
O urologista lembra que o tumor da próstata é um dos mais frequentes no homem nos países industrializados e que é a segunda causa de morte oncológica.
“Felizmente, cada vez mais homens procuram ajuda e o diagnóstico, mas ainda temos muitos doentes, menos do que no passado, que quando fazem o diagnóstico já estão numa fase avançada e a doença já avançou mais do que devia e já não é eliminável”, afirmou.
O especialista frisa que, a partir dos 45/50 anos, os homens devem fazer uma avaliação do PSA (antigénio prostático específico) e o toque retal, mas lamenta que tal não aconteça sempre e diz que há “doentes novos com tumores na próstata que, por não terem feito este rastreio anual, perderam a possibilidade de eliminar a doença”.
“Nós cada vez temos tratamentos mais eficazes e menos agressivos, que permitem que o doente, apesar deste diagnóstico, possa viver muitos anos sem queixas do tumor, desde que ele seja diagnosticado precocemente, o que infelizmente continua a não acontecer em muitos casos”, recorda.
Sobre os dois exames usados para o rastreio – toque retal e análise sanguínea ao PSA – Santos Dias diz que o importante é não fugir ao diagnóstico.
“Mais vale fazer só o PSA do que não fazer nada (…), mas há alguns casos de tumores que não são diagnosticados ainda com o PSA, só com outros exames, pois ou são muito localizados ou muito diferenciados e não produzem PSA. Daí ser recomendado fazer as duas avaliações”, aconselha.
O médico recorda que o cancro da próstata “não dá muitas queixas” e que a maior parte delas “são provocadas pelo aumento benigno”: "Quando este cancro dá sintomas já está numa fase avançada”.
“As queixas urinárias como a dificuldade em urinar, o acordar mais vezes de noite para urinar, ter vontade súbita de urinar, ter sangue na urina ou demorar muito tempo a urinar, tudo deve ser avaliado. Mas não quer dizer que essas queixas sejam por causa de cancro na próstata”, afirmou.
“Também não quer dizer que por não ter essas queixas que está livre de poder ter tumor da próstata”, acrescentou o especialista, sublinhando que o importante é falar da doença e alertar para a importância do rastreio.
LUSA