“A fundamentação do itinerário parte da identificação da rede viária romana e medieval, bem apoiada em estudos históricos credíveis e vestígios arqueológicos, com indicação detalhada das fontes”, lê-se na portaria assinada pelos secretários de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, e da Cultura, hoje publicada em Diário da República (DR).
A certificação “visa reconhecer e preservar o património cultural e natural associado ao Caminho de Santiago e assegurar os serviços de apoio adequados aos peregrinos”.
O novo itinerário “apresenta condições de segurança, transitabilidade, equipamentos de apoio e informação”.
Com uma extensão de 191,6 quilómetros, o itinerário da região Centro atravessa, de sul para norte, os municípios de Vila Nova da Barquinha, Tomar e Ferreira do Zêzere (distrito de Santarém), Alvaiázere e Ansião (Leiria) Penela, Condeixa-a-Nova e Coimbra (distrito de Coimbra) e Mealhada, Anadia, Águeda e Albergaria-a-Velha (Aveiro).
De acordo com o documento, “em vários troços os itinerários antigos foram absorvidos por estradas modernas e contemporâneas (estradas nacionais e mesmo autoestradas), situações em que são propostos traçados alternativos nas proximidades”.
Do traçado do Caminho Português de Santiago Central agora aprovado fazem parte quatro troços “de elevado valor patrimonial”, localizados entre Atalaia e Asseiceira (Vila Nova da Barquinha), Casal do Pote/Casal das Bernardas e Tomar, Rabaçal e Conímbriga (Penela e Condeixa-a-Nova) e o circuito urbano de Coimbra.
“De especial relevância a introdução de fontes históricas relacionadas com as peregrinações jacobeias, relatos de viagens compreendidos entre 1495 e 1669, que permitem conhecer, nalguns casos com bastante pormenor, os pontos de passagem ou paragem dos narradores”, entre os quais se incluiu o rei D. Manuel I, em 1502.
O pedido de certificação, que teve a concordância dos municípios atravessados, identifica ainda fontes imateriais que sustentam a antiguidade do itinerário, nomeadamente uma albergaria fundada em 1172 pela rainha D. Teresa (mãe de D. Afonso Henriques), que dá o nome à cidade de Albergaria-a-Velha e que pode ter sido precedida por uma albergaria (mansione) romana.
“O itinerário é também apoiado na conhecida carta militar viária de 1808, representação cartográfica relevante, quer pelo rigor técnico, quer porque, ao anteceder os grandes desenvolvimentos infraestruturais que marcaram a 2.ª metade do século XIX, representa uma rede viária ainda muito baseada nos traçados medievais”.
Lusa