“Temos portugueses que estão numa situação de vulnerabilidade, de pobreza e de solidão. E, se já existia essa preocupação, há aqui um reforço relativamente àquilo que eu vi e aquilo que encontrei e, portanto, esta foi a principal questão que me marcou nesta viagem”, disse Cafôfo.
O governante português falava à Lusa e órgãos de comunicação social local venezuelana e da Madeira, ao finalizar uma visita de seis dias à Venezuela, onde contactou com portugueses nas localidades de Caracas, Valência, Maracay e Los Teques.
“É necessário efetivamente nós olharmos para as pessoas e para a vulnerabilidade. Se temos, por um lado, uma população muito bem, que está do ponto de vista financeiro, com uma situação muito favorável e estável (…) também há uma larga franja, e encontrei isso em diversas associações e contactos com pessoas, que estão em situação de pobreza, alguns até em situação de sem-abrigo”, afirmou Paulo Cafôfo.
O secretário de Estado sublinhou ainda “ter de dizer, em abono da verdade”, que essa comunidade que está bem, “acaba por ajudar os mais carenciados”.
Cafôfo defendeu a canalização “de mais verbas e mais apoios” e um melhor conhecimento do que se passa no terreno, para que haja uma estrutura onde esses apoios cheguem efetivamente a quem necessita.
“A minha vinda aqui não foi uma visita para encontros elitistas, foi para encontrar a realidade, a boa realidade e a má realidade (…) e a minha função, enquanto secretário de Estado é precisamente não esconder absolutamente nada e valorizar a nossa comunidade, poder ajudar quem mais necessita, quem efetivamente precisa”, frisou.
O governante com a pasta das Comunidades Portuguesas salientou que teve desde encontros com empresários a lesados do BES e associações que “prestam apoio social a portugueses que estão na rua e, portanto, esta é a realidade”.
“Nós investimos meio milhão de euros já em apoios e aqui firmei já acordos em termos de protocolos estabelecidos com associações no valor de 170.000 euros que serão atribuídos este ano”, avançou.
O secretário de Estado explicou que há também que “valorizar a comunidade bem-sucedida, que não esquece as suas origens, que tem tudo, a humildade para reconhecer as suas raízes e que de uma forma muito coesa ajuda quem mais necessita”.
“Os movimentos associativos de líderes da nossa comunidade são o exemplo de pessoas que efetivamente poderiam não se preocupar com os outros porque estão bem, mas que se preocupam e ajudam quem mais necessita”, vincou.
Paulo Cafôfo prevê regressar à Venezuela em outubro de 2022 para “conhecer” as comunidades fora de Caracas e de Valência e também para a inauguração do Santuário de Nossa Senhora de Fátima de Los Teques (Carrizal).
Por outro lado, disse ter constatado que “é muito grande” a “força empresarial e de investimentos” dos portugueses que criam uma dinâmica económica fundamental para o país.
“Aquilo que se pede é que o Governo da Venezuela crie as condições de estabilidade a diversos níveis, particularmente as questões jurídicas e tributárias, para que não haja qualquer sobressalto e para que esta nossa comunidade, que sempre investiu na Venezuela, possa continuar a investir, eu diria, para bem da nossa comunidade, mas também para bem deste país”, advogou.
O governante destacou ainda que o ensino local da língua portuguesa cresceu 50%, de 2020 para 2021, com uma matrícula atual de 7.500 alunos e explicou que Lisboa está a apoiar com quase 2.000 bibliotecas.
Para Cafofo, as ligações aéreas são fundamentais, particularmente a TAP que vai começar a voar para Caracas a partir de 21 de junho, com dois voos semanais.
“Mas aquilo que se pretende é que esta ligação possa ser consolidada no futuro e por isso, assumi o compromisso de reunir com a administração da TAP precisamente para fazer chegar aqueles que são os desejos da nossa comunidade, de modo que esta ligação seja uma ligação que tenha futuro”, acrescentou.
Paulo Cafôfo iniciou na quinta-feira uma visita à Venezuela, enquadrada na iniciativa “Portugal no Mundo: Caminhos para a Valorização das Comunidades Portuguesas” e que tem como objetivo “reforçar laços” e aproximar os portugueses residentes no estrangeiro dos que vivem em Portugal.
O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas terminou hoje a sua visita à Venezuela.
Lusa