O primeiro-ministro, António Costa, disse hoje, no Funchal, que os lesados do Banif fizeram confiança num sistema que os aldrabou e reafirmou que há vontade política do Governo em resolver a situação.
António Costa deslocou-se à Madeira na qualidade de secretário-geral do PS para participar na apresentação da coligação Confiança (PS, JPP, BE, PDR e Nós Cidadãos) à Câmara Municipal do Funchal, que decorreu no Largo do Município, onde se deparou com uma manifestação de lesados do Banif.
"Eu percebo obviamente a ansiedade das pessoas. A ansiedade dos lesados do Banif não é menor do que a ansiedade dos lesados do outro processo (BES). A situação está é ainda numa fase processual distinta", afirmou, realçando que até ao momento não há nenhuma decisão da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) nem qualquer recomendação da Assembleia da República sobre o caso.
O primeiro-ministro, que esteve a conversar com o presidente da Associação de Lesados do Banif, Jacinto Silva, disse que o Governo tentou mediar uma solução de entendimento entre as partes, que não foi possível.
"Mas num regime onde há separação de poderes, o Governo não se pode substituir às instâncias próprias que têm competência para tomar estas decisões", vincou Costa, realçando que o executivo está a "aguardar que haja estes passos".
A CMVM está a analisar mais de 800 queixas apresentadas pelos lesados do Banif, ao passo que na Assembleia da República foi apresentada uma petição pelos mesmos.
O Santander Totta adquiriu o Banif por 150 milhões de euros em dezembro de 2015, na sequência de uma resolução do Governo da República e do Banco de Portugal, através da qual foi criada a sociedade-veículo Oitante, para onde foi transferida a atividade bancária que o comprador não adquiriu.
Neste processo, cerca de 3.500 obrigacionistas subordinados, em grande parte oriundos da Região Autónoma da Madeira, perderam 263 milhões de euros.
"O essencial do apoio do PS ao dr. Paulo Cafofo e a esta Coligação foi expresso, de uma forma inequívoca e muito clara, pela forma como, por unanimidade, a Comissão Política Concelhia do Funchal do PS aprovou esta candidatura e esta coligação", disse na cerimónia de apresentação da equipa autárquica da Coligação "Confiança" à presidência da Câmara Municipal do Funchal (CMF) nas eleições autárquicas de 01 de outubro, que hoje decorreu na Praça do Município.
Paulo Cafofo, atual presidente da Câmara Municipal do Funchal, eleito em 2013, na Coligação "Mudança" constituída pelo PS, BE, MPT, PTP, PAN e PND, lidera, desta vez, a Coligação "Confiança", composta pelo PS, BE, JPP, PDR e "Nós, Cidadãos!".
"A posição do PS, nestas eleições, é muito clara e é com muito orgulho que partilhamos esta Coligação com outros partidos políticos", insistiu.
António Costa lembrou que, há quatro anos, a vitória de Paulo Cafofo e da Coligação "Mudança" foi "uma das grandes surpresas" das eleições autárquicas de 29 de setembro de 2013, mas "quatro anos volvidos, a candidatura do Paulo Cafofo e da Coligação "Confiança" já não é uma surpresa, é uma certeza fruto da excelência do trabalho que desenvolveu".
Ao abordar o apoio do PS e do Governo da República à Região Autónoma e ao município do Funchal, o secretário-geral dos socialistas e primeiro-ministro de Portugal salientou: "para mim, há uma coisa muito clara, Portugal é um todo e não há Portugal sem a Madeira, nem a profundidade que a Madeira assegura no Atlântico".
António Costa manifestou também a sua solidariedade para com a diáspora e, em particular, com os portugueses que vivem dificuldades na Venezuela, num discurso intercalado, por vezes, por apitos de alguns lesados do BANIF.
O professor Paulo Alexandre Nascimento Cafofo, de 46 anos de idade, é o candidato da Coligação "Confiança" , formada pelo PS, BE, JPP, PDR e "Nós, Cidadãos", à presidência da Câmara Municipal do Funchal (CMF) nas eleições autárquicas de 01 de outubro.
Paulo Cafofo, atual presidente da CMF (eleito nas autárquicas de 29 de setembro de 2013 pela Coligação "Mudança" – PS,BE,PND,MPT, PTP e PAN), recandidata-se, desta vez, pela Coligação "Confiança".
Natural da freguesia de Santa Luzia, no Funchal, e licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Paulo Cafofo, nas autárquicas de 2013, destronou, após 38 anos de poder, o PSD da CMF, tornando-se, assim, no 11.º presidente da principal autarquia da Região Autónoma da Madeira e o primeiro neste concelho oriundo da oposição.
Paulo Cafofo foi vice-coordenador do SPM (Sindicato dos Professores da Madeira) entre 2009 e 2011 e Secretário-Nacional e Conselheiro-Nacional da FENPROF e pertenceu aos órgãos sociais da ARCHAIS (Associação de Arqueologia e Defesa do Património da Madeira), nomeadamente enquanto membro da Direcção e Presidente do Conselho Fiscal.
O responsável pela principal derrota política de Alberto João Jardim ao ganhar a CMF por 39,22% contra os 32,43% do PSD, Paulo Cafofo foi ainda vice-presidente e coordenador da área de Política do Laboratório de Ideias da Madeira.
Para a sua equipa, Paulo Cafofo reconduz Miguel Gouveia, Idalina Perestrelo e Madalena Nunes e chama às lides autárquicas Bruno Martins (arquiteto); João Pedro Vieira (médico); Sandra Marisa Machado (advogada); Thiery dos Santos (professor universitário); Rita Mendonça (enfermeira no Hospital dos Marmeleiros); Trindade Silva (ligado à Associação Arca da Ajuda) e Luísa Paolinelli (professora universitária).