O antigo presidente de Timor Leste Xanana Gusmão disse hoje, no Funchal, que recomendou ao governo do seu país para estudar uma forma de voltar a ajudar Portugal face aos grandes incêndios.
"Foi uma mágoa de todos. Só posso dizer que recomendei ao primeiro-ministro atual, para vermos isto. Compreendem que às vezes o problema não é a quantidade de dinheiro, mas o gesto de solidariedade", disse Xanana Gusmão, que se encontra de visita à Região Autónoma da Madeira, na qualidade de presidente do g7+, um grupo que representa 20 países com estados frágeis ou afetados por conflitos e guerras internas.
Em junho de 2017, o Governo de Timor Leste concedeu 1,3 milhões de euros para ajuda humanitária às vítimas dos incêndios de Pedrogão Grande, e agora Xanana Gusmão já interveio junto do primeiro-ministro do seu país no mesmo sentido.
"Eu disse a ele: Não se esqueçam de uma forma de ajuda a Portugal", revelou, explicando que, seja qual for o apoio, o mesmo só poderá acontecer depois de aprovado o Programa do Governo, que começou a ser debatido esta semana.
"Só peço a vossa compreensão, porque um governo novo tem de ter o programa aprovado. E depois vai ao orçamento e aí eu acredito que o novo governo não esquecerá [o apoio às vítimas dos incêndios]", afirmou.
As centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram pelo menos 31 mortos e dezenas de feridos, além de terem obrigado a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas.
O primeiro-ministro, António Costa, anunciou que o Governo assinou um despacho de calamidade pública, abrangendo todos os distritos a norte do Tejo, para assegurar a mobilização de mais meios, principalmente a disponibilidade dos bombeiros no combate aos incêndios.
Portugal acionou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil e o protocolo com Marrocos, relativos à utilização de meios aéreos.
Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos este ano, depois de Pedrógão Grande, no verão, um fogo que alastrou a outros municípios e que provocou 64 mortos e mais de 250 feridos.
LUSA