"Hoje devíamos olhar para os portugueses e dizer desculpem porque falhámos. Falhámos na justiça que construímos, falhámos no império que se dissolveu e que deixou outros países à sua mercê e famílias à sua sorte, nos jovens que querem emigrar como nunca no país que lhes tinha prometido ser o país da prosperidade, falhámos aos pensionistas e reformados que têm hoje o pior poder de compra da União Europeia", afirmou.
E defendeu que "tanto falhou Abril".
"Ao mesmo tempo que saudamos a liberdade, devíamos recordar relembrar todos aqueles que foram vítimas da expropriação após o 25 de Abril de 1974, todos os retornados que vieram dos seus países e aqui encontraram um país que não lhes deu a mão e devia ter dado", salientou.
O deputado do Chega apontou também que "em 1975 Portugal estava no Índice de Desenvolvimento Humano na 23.ª posição, em 2015 estava na 41.ª", apontando que se "aquilo que tínhamos era mau, muito do que veio depois pior foi ou o mesmo mau continuou o ser".
"Falhámos no progresso e fomos arranjando sistematicamente desculpas, foi a crise financeira, foi a pandemia, agora é a guerra. Não sei a que velocidade iam as chaimites que vinham de Santarém para Lisboa, mas sei uma coisa, sei que na velocidade do pós-25 de Abril Portugal ficou sistematicamente para trás", referiu, dizendo não aceitar "viver num país que ao fim de 10, 15, 20 ou 40 anos de democracia, se deixa ultrapassar pela Letónia ou pela Checoslováquia", país que já não existe.
"Não aceito viver num país ultrapassado, empobrecido e amedrontado", acrescentou.
No seu discurso, André Ventura dirigiu-se ao Presidente da República, a quem pediu que "não condecore aqueles que torturaram, mataram e expropriaram em Portugal", defendendo que "quem cometeu atos terroristas, quem patrocinou e promoveu nacionalizações e expropriações não pode ser um herói, tem de ser considerado aquilo que é, um bandido".
"E nós devemos tratar os bandidos como bandidos, que é isso que são", criticou o deputado do Chega.
Na sessão solene comemorativa do 48.º aniversário do 25 de Abril de 1974, na Assembleia da República, André Ventura considerou que "nenhum sentido faz celebrar" este dia sem a "coragem de dizer que não teria havido 25 de Abril se não tivesse existido 25 de Novembro", defendendo que foi o dia que "trouxe a liberdade e a democracia".
Num discurso em que citou Sá Carneiro e Fernando Pessoa, Ventura afirmou ainda que "cedo ou tarde cumpriremos Portugal".