Em comunicado a Guiana explica que o ministro de Relações Exteriores e Cooperação Internacional, Hugh Todd convocou o embaixador para entregar a nota e registar a condenação pela violação da soberania da Guiana.
Segundo a Guiana, na terça-feira 2 de março de 2021, pelas 13:30 horas locais (17:30 horas em Lisboa), “dois aviões de combate venezuelanos Suhkoi Su 30 voaram [sobre] a comunidade de Eteringbang e a pista de aterragem a muito baixa altura”.
“Os aviões de combate deram volta em círculo ao lugar antes de continuar em direção a este”, explica um comunicado do Ministério de Relações Exteriores da Guiana (MREG).
Segundo o documento, Hugh Todd “expressou preocupação pelo ato de agressão e afirmou que tal ação é uma clara violação do espaço territorial da Guiana, assim como do Direito e da Convenção Internacional”.
Também adianta que “este ato não apenas desafia as boas relações entre vizinhos, mas, por extensão, a paz e a estabilidade da região”.
“O embaixador Monclus registou a sua deceção ao inteirar-se deste facto (…) mencionou que só tinha conhecimento de uma missão de reconhecimento dentro do território venezuelano, para combater o narcotráfico e atividades ilícitas”, explica o comunicado.
Caracas emitiu, hoje, um comunicado “condenando energicamente as imprecisões e falsas acusações” da Guiana que, diz, “procuram manipular a realidade para alimentar uma matriz negativa contra a Venezuela”.
“Mais uma vez, de forma descabelada, o Governo da Guiana tenta gerar falsas versões sobre as operações regulares de patrulhamento das fronteiras da Venezuela, realizadas pelas Forças Armadas Bolivarianas, estritamente circunscritas ao território venezuelano, não em disputa, a fim de aparentar um suposto ‘ato de agressão’”, explica.
O documento, divulgado pelo Ministério de Relações Exteriores da Venezuela, sublinha que “é desconcertante que, no afã de promover esta repetida campanha de difamação e vitimização” façam “uma denúncia sem fundamento, baseada em vídeos divulgados nas redes sociais, sem oferecer a localização precisa e georreferenciada da área em questão”.
A Venezuela insiste em “retomar o espírito e os mecanismos para procurar uma resolução prática, pacífica e mutuamente satisfatória para a disputa territorial” e “condena a atitude de falsa vítima” da Guiana.
Em 08 de janeiro, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, aprovou o estabelecimento de um novo território marítimo, denominado Fachada Atlântica Venezuelana, para dar “proteção adequada e salvaguardar a jurisdição da Venezuela nos espaços continentais, áreas marinhas, limítrofes, submarinas, insulares, lacustres, fluviais e o mar territorial”.
Em 30 de junho de 2020 e pela primeira vez em 74 anos, o Tribunal Internacional de Justiça começou a analisar a disputa territorial entre os dois países, sobre a soberania do Esequibo, em cujas águas se encontraram reservas petrolíferas.
A disputa chegou ao TIJ a pedido da Guiana mas a Venezuela diz que o TIJ não tem jurisdição.
A região de Esequibo, que aparece nos mapas venezuelanos como “zona em reclamação”, está sob mediação da ONU desde 1966, quando foi assinado o Acordo de Genebra.
Atualmente sob soberania da Guiana, a zona inclui uma área de 160 mil quilómetros quadrados, equivalente a três quartos do total do país.
A polémica agudizou-se nos últimos anos depois de a petrolífera norte-americana Exxon Mobil ter descoberto, em 2015, várias reservas de crude nas águas territoriais da zona em litígio.