"A questão de saber se e como o Reino Unido voltara à União Europeia é para uma futura geração. Penso que esta é a realidade", afirmou Tony Blair, em entrevista à AFP e às agências de notícias europeias Ansa, DPA e Efe, a partir do escritório do seu Instituto para a Mudança Global, no centro de Londres.
O ex-dirigente trabalhista, de 69 anos, opôs-se firmemente ao ‘Brexit’, tendo feito campanha na Irlanda do Norte para prevenir as consequências na província, abalada por três décadas de violência até ao acordo de paz assinado em abril de 1998.
"Penso que atualmente o debate no Reino Unido é mais de saber a que ponto vamos reconstruir uma relação forte com a Europa. É o que devemos fazer, na minha opinião, e espero que o Partido Trabalhista também pense assim", acrescentou Blair.
De acordo com o ex-primeiro-ministro, o Reino Unido e a UE têm muitos temas em comum para tratar, como a energia e o clima, a investigação ou mesmo a defesa e a segurança após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
"Penso que é muito importante a cooperação em matéria de tecnologia", referiu. "Porque senão a Europa, da qual o Reino Unido faz parte, ficará esmagada entre dois gigantes tecnológicos, que são os Estados Unidos e a China, e até mesmo por um terceiro, a Índia".
Blair compreende que o atual líder trabalhista, Keir Starmer, não queira reabrir a possibilidade de voltar à UE, um assunto “que divide” a sociedade, mas também defende que o seu partido não deve pedir perdão por ter-se posicionado contra o ‘Brexit’, pois os efeitos nocivos fizeram-se notar.
"A tarefa imediata é resolver os problemas do Brexit. O dano é manifesto, era previsível e foi predito. E a outra coisa importante é algo que vi em todo o mundo, porque o meu instituto trabalha em 35 países diferentes: um reforço da coesão regional”, sublinhou.
Em relação à possibilidade de os trabalhistas venceram as eleições previstas para o próximo ano, Blair está otimista porque vê em Starmer "um tipo muito sensato e alguém que dá a impressão de poder dirigir o país”, apesar de ao mesmo tempo admitir que Sunak está a "reparar os destroços" que deixaram os seus antecessores, Boris Johnson e Liz Truss.
Lusa