O antigo primeiro-ministro ainda não formalizou a candidatura, apesar de vários dos seus apoiantes garantirem que Johnson está interessado e que já garantiu a assinatura de pelo menos 100 deputados, como é requerido.
"Tenho falado com Boris Johnson e é evidente que ele vai candidatar-se, ele tem um grande apoio”, afirmou o ministro da Economia, Jacob Rees-Mogg, hoje à BBC.
De acordo com a contagem do site Guido Fawkes até às 17h00 de domingo, Rishi Sunak tinha o dobro dos apoios de Johnson, 153 contra 76, enquanto Penny Mordaunt só tem 28.
"Estou muito confiante no progresso que estamos a fazer e garanto que estou nisto para ganhar”, assegurou à BBC Mordaunt, líder da Câmara dos Comuns [um cargo no governo equivalente a ministra dos assuntos parlamentares].
O Daily Telegraph noticiou que Mordaunt terá recusado um pedido de Johnson para desistir a favor dele. O mesmo jornal também noticiou que Johnson e Sunak se reuniram no sábado à noite, mas não chegaram a um entendimento.
Muitos antigos correligionários de Boris Johnson ou Liz Truss passaram a apoiar Rishi Sunak, como o antigo negociador do ‘Brexit’, David Frost, ou a antiga ministra do Interior Suella Braverman.
Outras figuras da ala direita, como Theresa Villiers, a ministra do Comércio Kemi Badenoch e o eurocético Steve Baker, atual secretário de Estado para a Irlanda do Norte, também preferem Sunak.
"As coisas têm de mudar. Nós, como partido, precisamos de mudar. Precisamos de mostrar liderança, estabilidade e confiança ao povo britânico. Não podemos ceder a fantasias”, justificou Braverman.
Para Steve Baker, o regresso de Johnson seria um “desastre garantido” devido ao risco de ser declarado culpado de mentir aos deputados sobre as “festas” em Downing Street durante a pandemia por um inquérito parlamentar.
“Nessa altura”, disse à estação Sky News, "o mandato como primeiro-ministro colapsaria” porque a tradição determina que este tipo de infração implica a demissão.
Mas o ministro dos Negócios Estrangeiros James Cleverly acredita que "Boris aprendeu as lições” e que estará focado "nas necessidades do país" se voltar à chefia do governo.
Também o antigo ministro das Finanças Nadhim Zahawi defende que o Reino Unido “precisa dele de volta” e assegurou que Johnson mudou.
"Quando fui ministro das Finanças, vi uma amostra de como seria o Boris 2.0. Ele era arrependido e honesto acerca dos erros dele. (…) Com uma equipa unida atrás dele, ele é quem nos pode conduzir à vitória e à prosperidade”, escreveu na rede social Twitter.
Uma sondagem publicada hoje pela empresa Opinium indica que Sunak é o favorito dos britânicos para ser primeiro-ministro, tendo recolhido 45% das preferências de voto, enquanto Johnson ficou-se pelos 27%.
Porém, a diferença é menor entre os militantes Conservadores, com 48% a preferir Sunak e 45% o antigo primeiro-ministro num estudo de opinião da Savanta ComRes para o jornal The Sunday Telegraph, que mostra como o partido está dividido.
Liz Truss demitiu-se na quinta-feira após apenas seis semanas como líder dos ‘tories’, tornando-se na primeira-ministra com o mandato mais curto da história do Reino Unido.
Rishi Sunak perdeu na votação das bases contra Liz Truss este verão. Mas os militantes só serão chamados a votar se existirem dois finalistas.
O prazo para a formalização das candidaturas fecha às 14h00 de segunda-feira e para serem elegíveis os interessados têm de ter pelo menos o apoio de 100 dos colegas deputados. O grupo parlamentar Conservador é formado por 357 deputados.
Uma primeira votação reservada ao grupo parlamentar terá lugar à tarde se existiren três candidatos, sendo eliminado aquele com menos votos. Uma segunda votação poderá realizar-se logo a seguir na segunda-feira.
Caso não existam desistências, os dois finalistas serão submetidos a um voto eletrónico dos cerca de 170.000 militantes “tory” e o resultado anunciado na sexta-feira.
O sucessor de Truss será indigitado primeiro-ministro e convidado pelo rei Carlos III a formar governo enquanto líder do partido com a maioria parlamentar.