"Apresentou (Paulo Cafôfo) um plano (para um governo madeirense) na noite das eleições que tinha 15 secretarias e quatro seriam para o CDS", declarou Lopes da Fonseca, durante o debate das propostas do Plano e Orçamento da Madeira para 2020, que decorre até quarta-feira na Assembleia Legislativa da região.
O parlamentar centrista respondia às críticas do deputado socialista Paulo Cafôfo, que afirmou que a coligação PSD/CDS-PP, que pela primeira vez governa a Madeira, "tem os dias contados".
O deputado do CDS assegurou ter provas da proposta que lhe foi apresentada, indicando que tem a conversa gravada no telemóvel.
"Esta era a proposta do PS, que vem atacar o CDS quando apresentou ao CDS um conjunto de lugares que recusámos na altura", disse, considerando que "em vez de propor alternativas, o PS começou (o debate) com um discurso de pé de chinelo".
O deputado do PS Paulo Cafôfo considerou que este é "o pior orçamento de sempre" do Governo da Madeira, que evidencia a "continuidade dos problemas", sendo "um pião que não sai do mesmo lugar".
O parlamentar socialista madeirense criticou o executivo insular por prever um aumento de 58 milhões de euros nas receitas fiscais, contrapondo que se as "contas estão controladas" as famílias e empresas deveriam ser mais beneficiadas.
"Andamos a brincar à saúde", afirmou Paulo Cafôfo, censurando o aumento do número das listas de espera de 16 para 21 mil pessoas e apontou que uma das "prioridades (do Governo Regional) não é a resolução dos problemas da saúde, mas as nomeações" para lugares no setor.
O líder da bancada do Juntos Pelo Povo (JPP) considerou que a proposta de Orçamento Regional "podia ter ido mais longe do ponto de vista económico e social", acusando o PSD/Madeira de estar a fazer "uma manobra de teatro", porque viabilizou o Orçamento de Estado nacional com a abstenção dos três deputados eleitos pela região na votação na generalidade na Assembleia da República.
"Este Governo Regional é parceiro, cúmplice no fim da continuidade territorial", sublinhou, acrescentando: "Tem cheiro a Lisboa, porque estão vendidos ao Terreiro do Paço".
O deputado do PCP Ricardo Lume observou que o "Governo Regional esteve num jogo de sombras e não mostrou a verdadeira intenção deste orçamento".
O comunista apontou que "muitas das verbas do Plano e Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração da Região Autónoma da Madeira (PIDDAR) para 2020 "é para pagar obras que já foram executadas em 2019".
Também referiu que, apesar de "haver mais dinheiro", o executivo madeirense faz "um desinvestimento no setor público para investir no privado" nas mais diversas áreas.
A proposta de Orçamento do Governo da Madeira para 2020 é na ordem dos 1.743 milhões de euros (ME), menos 185 ME que o montante do ano anterior por via da diminuição dos encargos do serviço da dívida.
Para o PIDDAR estão alocados 548 milhões de euros.
Nas eleições legislativas regionais de 22 de setembro de 2019, o PSD/Madeira perdeu, pela primeira vez em 43 anos de governação, a maioria absoluta, o que resultou numa coligação com o CDS.