Salientando que “nas contas do CDS, quer a nível central quer regional, não foi registado nenhum empréstimo feito ao partido”, Francisco Rodrigues dos Santos defendeu que “a nível pessoal o que cada um entende como mais vantajoso ou oportuno ou avalizado para a sua esfera privada depende de cada um”.
“Do ponto de vista político, aquilo que me cumpre assegurar e acautelar, não foi cometida nenhuma ilegalidade nem nenhuma violação da lei, portanto desse ponto de vista eu estou absolutamente tranquilo”, salientou.
Em causa está uma reportagem emitida pela SIC na quarta-feira, em que foram expostos pormenores sobre o financiamento da estrutura regional durante a campanha para as eleições legislativas de 2019.
De acordo a SIC, o CDS-PP/Madeira recebeu 29.880 euros, provenientes de César do Paço, agora principal financiador do partido Chega, sendo que o dinheiro foi transferido para as contas bancárias seis membros do partido, incluindo o líder Rui Barreto, atual secretário regional da Economia.
A SIC refere que os seis militantes centristas receberam cerca de 5.000 euros cada, em agosto de 2019, depois de Rui Barreto ter conhecido, em Lisboa, César do Paço, ex-cônsul de Portugal em Cabo Verde e nos Estados Unidos e então militante e financiador do CDS-PP.
Faltavam seis semanas para as eleições na Madeira e a estrutura regional do partido passava por dificuldades financeiras, aguardando resposta a um pedido de empréstimo à Caixa de Crédito Agrícola.
O CDS-PP era, na altura, o maior partido da oposição madeirense, com sete deputados no parlamento, mas elegeu apenas três, numas eleições em que o PSD perdeu a maioria absoluta com que governava a região há 43 anos.
Os dois partidos estabeleceram um acordo de coligação governamental e o CDS-PP colocou dois elementos no executivo – Rui Barreto, na Secretaria da Economia, e Teófilo Cunha, na Secretaria do Mar e Pescas – e ainda José Manuel Rodrigues na presidência da Assembleia Legislativa da Madeira.
Questionado hoje se a direção nacional tinha conhecimento destas transferências de dinheiro, o presidente do CDS-PP respondeu negativamente.
“Não, não tínhamos. Aliás, como o próprio presidente do CDS/Madeira referiu, foi um empréstimo feito a título pessoal. O CDS nacional, que tem a sua contabilidade organizada, não tinha conhecimento de nenhum empréstimo feito, uma vez que no partido isso nunca aconteceu”, disse.
Em declarações aos jornalistas no sábado, o líder centrista madeirense indicou ter colocado à disposição o cargo de secretário da Economia, no governo PSD/CDS-PP, e disse ter “ a confiança política da direção do CDS, assim como a confiança política do senhor presidente do Governo [Miguel Albuquerque]”.
Rui Barreto afirmou também que “não há qualquer financiamento ilícito ao CDS” e “não entrou um cêntimo na conta” do partido, salientando que o que está em causa é “um empréstimo pessoal, que foi totalmente restituído”.