Os dois países reafirmaram a “importância de impor custos à liderança russa através de sanções severas e medidas de controlo das exportações” russas.
A declaração conjunta, divulgada hoje pela diplomacia portuguesa, foi aprovada na 47.ª reunião da Comissão Bilateral Permanente, realizada na quarta-feira, em Washington, que teve a guerra na Ucrânia como um dos temas em destaque.
As duas partes salientaram o seu envolvimento na resposta à guerra, ao participarem nas sanções económicas de “maior impacto, coordenadas e abrangentes da história” contra a Rússia.
Sublinharam a “excecional demonstração de unidade transatlântica” e o empenho em continuar a apoiar a Ucrânia e os refugiados que fogem do país.
Portugal e EUA consideraram que foram dados “passos históricos” para ajudar a Ucrânia, incluindo o compromisso da União Europeia (UE) de fornecer a Kiev 2.000 milhões de euros em ajuda militar.
As duas delegações discutiram a necessidade de reduzir a dependência europeia dos combustíveis fósseis russos, nomeadamente com o “aumento do fornecimento de gás natural à Europa através de Portugal”.
Nesse sentido, destacaram a localização estratégica do Porto de Sines como “porta de entrada” para o abastecimento europeu de gás natural liquefeito (GNL) e de energias renováveis.
Os dois países comprometeram-se a acompanhar o investimento direto estrangeiro para “evitar dependências energéticas excessivas e o controlo de setores económicos estratégicos”.
As questões ambientais também voltaram a ser discutidas, tal como na reunião anterior, realizada em dezembro, em particular a conferência da ONU sobre os oceanos que Lisboa vai acolher de 27 de junho a 01 de julho.
Durante a conferência, segundo a comissão bilateral, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, António Costa, deverão encontrar-se com o enviado especial do Presidente Joe Biden para o clima, John Kerry, que vai liderar a delegação dos EUA.
Também a ministra da Defesa, Helena Carreira, deverá encontra-se com o homólogo norte-americano, Lloyd Austin, à margem da conferência ministerial da NATO, na próxima semana, em Bruxelas.
A reunião realiza-se antes da cimeira de Madrid, no final de junho, em que os líderes dos 30 países da NATO vão aprovar o novo conceito estratégico da Aliança, que substituirá o que está em vigor desde a cimeira de Lisboa, realizada em 2010.
Em foco estará também a adesão da Suécia e da Finlândia à NATO, como consequência da invasão russa da Ucrânia.
Lisboa e Washington reforçaram o compromisso na defesa coletiva da NATO e congratularam-se com o diálogo UE-EUA sobre segurança e defesa, considerando que “reforça a parceria estratégica na segurança transatlântica”.
Relativamente aos Açores, cujo vice-presidente do Governo Regional, Artur Lima, participou na reunião, as duas partes destacaram a “valorização do papel estratégico” do arquipélago na segurança atlântica.
A comissão bilateral “reconheceu a contribuição de Portugal para o reforço da segurança, sustentabilidade económica e crescimento atlântico, incluindo a liderança do Centro Atlântico”.
Foram igualmente analisadas as questões ambientais da Base das Lajes, na ilha Terceira, e elogiada a colaboração entre o Centro de Engenheiros Civis da Força Aérea dos EUA e o Laboratório Nacional de Engenharia Civil de Portugal.
Além da guerra na Ucrânia, as duas partes reiteraram a sua “preocupação com as contínuas violações dos direitos humanos” da China em Xinjiang, Hong Kong e Tibete, e falaram sobre o Sahel, Angola, Moçambique e Venezuela.
A reunião foi presidida conjuntamente pelo diretor-geral de Política Externa, Rui Vinhas, por Portugal, e pelo secretário de estado Adjunto para a Europa, Chris Robinson, pelos EUA.
Além do vice-presidente do Governo Regional dos Açores, participaram os embaixadores de Portugal em Washington, Francisco Duarte Lopes, e dos EUA em Lisboa, Randi Charno Levine.
Lusa