Os resultados provisórios foram divulgados numa altura em que as autoridades russas tentam reforçar o controlo sobre os territórios que Moscovo anexou ilegalmente há um ano e que ainda não controla totalmente.
A votação para as legislaturas instaladas pela Rússia começou na semana passada e, segundo a CCE, os deputados do partido no poder, Rússia Unida, ficaram em primeiro lugar nas quatro regiões ucranianas que Moscovo anexou ilegalmente em 2022 – Donetsk, Kherson, Lugansk e Zaporijia – e na Península da Crimeia, que o Kremlin anexou em 2014.
A votação nas zonas ocupadas da Ucrânia foi denunciada por Kiev e pelo Ocidente como uma farsa e uma violação do direito internacional.
Sexta-feira, as autoridades ucranianas pediram à comunidade internacional para não reconhecer os resultados da votação, consideradas “falsas” pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano.
As votações nas regiões ucranianas ilegalmente anexadas coincidiram com as eleições nacionais para as legislaturas locais e para os governadores em 16 regiões russas.
Houve também múltiplas votações para os conselhos municipais em todo o país e eleições para alguns lugares vagos na Duma, a câmara baixa do parlamento russo.
Em Moscovo, o partido Rússia Unida obteve o maior número de votos, mais de 76%, reconduzindo Sergei Sobyanin no cargo de Presidente da Câmara.
A diretora da CCE russa, Ella Pamfilova, disse que a taxa de participação foi de 43,5%, a mais alta desde 2017, percentagem que inclui a Rússia e as regiões ucranianas ocupadas.
Numa região ucraniana ilegalmente anexada, os meios de comunicação social estatais russos informaram que a taxa de participação foi ainda mais elevada.
Marina Zakharova, presidente da comissão eleitoral de Kherson, instalada pela Rússia, disse domingo que 65,36% dos residentes da região votaram nas eleições.
A região de Kherson não está totalmente sob controlo russo e os residentes locais e os ativistas ucranianos denunciaram que os funcionários russos fazem visitas ao domicílio acompanhados por soldados armados em ambas as províncias, detendo aqueles que se recusam a votar e pressionando-os a escrever "declarações explicativas" que podem ser usadas como base para um processo criminal.
As forças armadas ucranianas sugeriram num comunicado de domingo que Moscovo poderia utilizar os votos para identificar homens que poderiam ser recrutados para o exército russo.
No domingo, funcionários eleitorais russos relataram tentativas de sabotagem da votação nas regiões ocupadas, onde as forças leais a Kiev tinham anteriormente abatido a tiro funcionários pró-Moscovo, explodido pontes e ajudado os militares ucranianos ao identificarem ‘alvos chave’.
Lusa