“O Chega não quer eleições, quer estabilidade. Porém, o Presidente da República, há dois anos, disse que o país não pode viver sem orçamento. Ontem, ou anteontem, voltou a dizer que o país não pode viver sem orçamento. O que é que isto significa? Que não há outra solução, a não ser que Marcelo Rebelo de Sousa decida formar ou um governo presidencial, ou decida manter o país em duodécimos num momento em que está a executar o PRR, que estamos a receber fundos europeus, que estamos em ano de alterações fiscais importantes, quer a nível municipal, quer estadual. Acho que o país não pode viver em duodécimos”, defendeu.
O líder do Chega falava aos jornalistas antes de uma visita ao Museu da Seda de Castelo Branco, no âmbito das jornadas parlamentares do partido. Esta, que foi a única visita e o último ponto das jornadas, não pôde ser acompanhada pela comunicação social.
André Ventura argumentou que “o Presidente da República pode manter o país sem orçamento, pode, mas acabará o seu mandato em absoluta discórdia e em absoluta desgraça” e questionou Marcelo Rebelo de Sousa “se quiser ficar para a história como o Presidente que com um partido tomou uma decisão, e com outro, ou com outro primeiro-ministro tomou outra porque era mais amigo dele”.
O dirigente político sustentou que o chefe de Estado deve dissolver novamente o parlamento se “for garantido que não há nenhumas condições políticas de um novo orçamento”, indicando que o Chega está “sempre disponível para encontrar novas condições políticas”.
Ventura admitiu que o Governo poder apresentar um orçamento novo, mas precisa de garantia de aprovação por parte da oposição.
“Ou o Governo percebe que tem que negociar a sério em matérias estruturais, como a imigração, o combate à corrupção, a descida de impostos, ou podem apresentar um, dois, três, quatro, cinco, seis, podemos ir até 100 [orçamentos], nenhum passará”, salientou.
Questionado se admite sentar-se à mesa das negociações com o primeiro-ministro se este participar em futuras reuniões sobre o Orçamento do Estado, Ventura respondeu que neste momento não há “mais nada para falar”, mas disse que não se furta a nenhuma reunião, desde que tenha “sentido político”.
O líder do Chega disse também que se “a ideia não é construir nada” e depois Montenegro andar “de braço dado com Pedro Nuno Santos”, recusa alinhar em reuniões “a fingir”.
André Ventura voltou a desafiar o Governo a apresentar um orçamento retificativo “até ao fim do ano”, caso o Orçamento do Estado para 2025 seja chumbado, defendendo que um “retificativo não é oposto de eleições”.
“O orçamento retificativo permitirá resolver imediatamente questões urgentes, como o apoio aos pensionistas, como o apoio às forças militares e de segurança, como a descida de impostos. Se estas são as questões que o Governo quer mesmo resolver, então que faça o retificativo. Tem o apoio do Chega, nem precisa do PS. Porquê que não quer? Porque quer confundir o país com o orçamento do Estado. E quer dizer que a responsabilidade de não ter havido o aumento A, o aumento B, o aumento C, é do Chega”, atirou.
André Ventura indicou ainda que a delegação do Chega que participará na reunião de quarta-feira será comporta pelo líder parlamentar, Pedro Pinto, e pelos coordenadores do partido nas comissões de Orçamento e Finanças, Rui Afonso, e de Economia, Filipe Melo.
Lusa