À saída da audiência com o Presidente da República, Luís Montenegro escusou-se a responder diretamente às perguntas da comunicação social sobre a possibilidade de a IL integrar também o executivo ou sobre a eventual apresentação de um Orçamento Retificativo.
“Todas as questões que tiverem a ver com o exercício da atividade do governo serão tomadas quando houver governo, comunicadas e explicadas quando houver governo”, disse, remetendo para Marcelo Rebelo de Sousa a competência exclusiva de fazer essa escolha.
No entanto, questionado com que maioria pretende governar, se for indigitado, respondeu: “A maior representação parlamentar que há na Assembleia da República que assumirá funções é da AD. Há uma maioria, relativa, não absoluta. Essa maioria é constituída pelos deputados do PSD e do CDS-PP, é com base nessa maioria, se for esse o entendimento do Presidente da República, que apresentaremos o nosso Governo”.
Mal terminou esta reunião, que durou cerca de uma hora e 40 minutos, a assessoria da Presidência da República informou que “poderá haver uma nova audiência” ainda hoje ao presidente do PSD e líder da AD, Luís Montenegro, depois de apurados os resultados dos votos da emigração.
Na audiência, o presidente do PSD esteve acompanhado pelo líder do CDS-PP, Nuno Melo, pelo primeiro vice-presidente do PSD, Paulo Rangel, e pelo secretário-geral, Hugo Soares.
No final, disse aos jornalistas que na “longa conversa” com Marcelo Rebelo de Sousa foi feita a análise dos resultados eleitorais de 10 de março, tendo transmitido “a disponibilidade da coligação” Aliança Democrática (que integrou PSD, CDS-PP e PPM) para “assumir a liderança do Governo e poder ser indigitado primeiro-ministro”.
“Transmiti que a nossa motivação é a mesma da campanha eleitoral: estamos focados nos problemas dos portugueses, na vida de cada cidadão que vive e trabalha em Portugal, respeitando a vontade do povo português de promover uma mudança de Governo, de primeiro-ministro e de políticas em Portugal”, afirmou.
Montenegro acrescentou que a AD está concentrada em assegurar ao país “uma economia mais forte” e um percurso de “crescimento duradouro”, que possa significar melhores salários e “uma classe média desafogada” e dar respostas “que hoje falham” em serviços públicos como a saúde, educação e habitação.
O líder social-democrata lembrou que ainda decorre o apuramento dos resultados finais de emigração, dizendo ter a expectativa de que a sua indigitação como primeiro-ministro “possa ocorrer” quando estes estiverem finalizados.
Questionado se espera que tal aconteça ainda hoje, o presidente do PSD disse não saber a que horas esse trabalho será concluído, salientando que os dados indicam que “o resultado eleitoral se manterá no que é essencial para a formação do novo Governo”.
“Vamos aguardar o exercício desta competência exclusiva do Presidente da República de, atendendo aos resultados eleitorais e ouvidos os partidos e coligações concorrentes às eleições, tomar decisão de indigitar uma personalidade para formar governo. A minha expectativa é que seja o líder desta coligação”, declarou.
A contagem dos votos dos emigrantes portugueses termina hoje, revelando os quatro deputados dos círculos da Europa e Fora da Europa. PS e PSD conseguem, para já, um lugar cada e o Chega os outros dois.
A confirmarem-se estes resultados, a AD somará 80 deputados (78 do PSD e dois do CDS-PP), o PS 78 e o Chega 50.
O Presidente da República terminou hoje de ouvir os partidos políticos e coligações que estarão representados na futura Assembleia da República, um processo que começou no dia 12 de março.
De acordo com o artigo 187.º da Constituição da República Portuguesa, “o primeiro-ministro é nomeado pelo Presidente da República, ouvidos os partidos representados na Assembleia da República e tendo em conta os resultados eleitorais”.