Em declarações à margem da concentração de trabalhadores à porta do Centro de Produção do Porto da estação pública de televisão, a líder bloquista responsabilizou o Governo pela precariedade laboral na empresa.
“Quanta hipocrisia há num Governo que faz leis e depois não cumpre e mantém centenas de trabalhadores na precariedade como faz aqui na RTP”, atirou Mariana Mortágua.
Para a deputada do BE, “o Governo não pode ter uma dupla face, que às segundas e quartas diz que quer combater a precariedade, produz uma Agenda do Trabalho Digno, que diz que a imprensa é essencial para combater a desinformação e a extrema-direita, e às terças e às quintas, numa empresa que é pública, mantém uma atividade com base em recibos verdes e em falso ‘outsourcing’”.
“Não é pedir muito exigir a um Governo que cumpra a lei”, disse ainda a líder política que não deixou de fora a administração da RTP a que acusou, também, de “usar os precários como um padrão e não como uma exceção”.
Nélson Silva, dirigente sindical, revelou à Lusa haver na RTP “precários com 20, 10 e quatro anos a trabalhar 22 dias por mês na empresa”.
“Quando fechou o PREVPAP [Programa de Regularização Extraordinária de Vínculos Precários na Administração Pública] que envolveu 404 requerimentos para a regularização de vínculo precários, tendo a empresa dado espaço para apenas 270, começou a encher o balão e, atualmente, são 140 os precários na denúncia que entregámos em maio na Autoridade para as Condições do Trabalho” acrescentou.
Os trabalhadores precários que são necessidades permanentes da empresa, continuou, “vão desde a inserção de carateres, à produção, rádio, jornalistas, editores, em quase todas as áreas da televisão, rádio e online há pessoas que são necessidades permanentes”.
“Desses 140, 51 são do Centro de Produção do Porto”, precisou Nélson Silva.
Catarina Lobão, operadora de controlo, é um dos casos relatados, contando à Lusa que está “a recibos vedes há mais de 10 anos”.
“Trabalho, por vezes, 20 horas e recebo exatamente o mesmo e é triste continuarmos com estas condições de trabalho. Se não existíssemos não havia televisão”, disse.
Lamentando “não saber” para onde se virar nem com “quem contar, mesmo ao nível do Estado”, admitiu emigrar: “sinto que a qualquer momento vou largar o microfone e vou-me embora. É uma tristeza”.
Lusa