“É uma noite histórica para a Argentina”, disse Milei a vários milhares de apoiantes na sua sede de campanha em Buenos Aires, após ter garantido mais de 55% dos votos, vencendo o atual ministro peronista da Economia, Sergio Massa, que já reconheceu a derrota.
“O modelo empobrecedor de castas acabou. Hoje [domingo] estamos a adotar o modelo de liberdade, para nos tornarmos novamente uma potência mundial”, disse Milei. “Termina uma forma de fazer política e começa outra”, acrescentou.
“Enfrentamos problemas monumentais: inflação, estagnação, ausência de empregos reais, insegurança, pobreza e miséria”, enumerou o presidente eleito. “Problemas que só terão solução se abraçarmos mais uma vez as ideias de liberdade”, acrescentou
“Não há espaço para o gradualismo, não há espaço para a tibieza ou meias medidas”, alertou Milei.
Durante a campanha, o candidato prometeu introduzir o dólar dos Estados Unidos como moeda nacional, para combater a inflação, atualmente em 143%, entre outras ruturas nas políticas económicas e financeiras do país.
Outra proposta é uma redução drástica do número de ministérios, para apenas oito, o que levou o seu adversário a afirmar durante a campanha que estava em causa prestação de serviços essenciais à população, incluindo Saúde e Educação.
O economista estendeu no domingo à noite a mão a “todos os argentinos e líderes políticos, todos aqueles que querem aderir à nova Argentina”, mas também alertou sobre uma possível resistência social às suas reformas.
“Sabemos que há pessoas que vão resistir, que vão querer manter este sistema de privilégios para alguns, mas que empobrece a maioria. Digo-lhes isto: tudo o que está na lei é permitido, mas nada além da lei", sublinhou.
Com 97,6% dos votos contados, Javier Milei segue com 55,8% e Sergio Massa com 44,2%, segundo resultados parciais oficiais da segunda volta das presidenciais.
Na primeira volta, em 22 de outubro, Massa obteve 36,78% dos votos, enquanto Milei, que é apoiado pelo ex-presidente Mauricio Macri e se define como um "anarco-capitalista" – uma forma extrema de liberalismo defensora de uma sociedade capitalista sem Estado – ficou com 29,99%.
Para a reta final da eleição, Milei obteve o apoio da terceira classificada na primeira volta, Patricia Bullrich.
O próximo presidente argentino, que sucederá ao peronista Alberto Fernández (2019-2023), governará a partir de 10 de dezembro para o período 2023-2027.
Milei pediu ao Governo de Fernández “que seja responsável” e “assuma as suas responsabilidades até ao final do mandato”.