"Já iniciamos diligências no sentido de recuperarmos esses voos tal como fizemos no início do ano passado com as falências da Monarch, Air Berlim e Niki Lauda Air", disse Miguel Albuquerque, à margem da visita que hoje efetuou a uma unidade de exportação de anona, no Mercado Abastecedor de Santana.
A Madeira vai perder 106 mil lugares anuais do mercado alemão com a anunciada falência da transportadora Germania Airlines, que hoje entrou com um pedido de falência e anunciou o cancelamento de todos os seus voos.
"Naturalmente que não é uma boa notícia (…) porque tem impactos no curto prazo", reagiu hoje a secretária regional do Turismo, Paula Cabaço, sublinhando que "a companhia fazia sete voos semanais para a Madeira no período de inverno.
Para hoje, estavam previstos quatro voos.
"De repente, o destino perde 106 mil lugares de avião" para todo o ano, especificou, sendo o mercado alemão o segundo com maior número de turistas que visitam o arquipélago.
Paula Cabaço crê, no entanto, que, a médio prazo e em conjunto com a ANA – Aeroportos de Portugal, o trabalho de captação de novas rotas vai intensificar-se "para substituir esta perda de lugares por outra companhia aérea".
A governante recordou que este trabalho já tinha sido feito quando, em 2017, a companhia área Monarch ou a Air Berlim também anunciaram falência.
A unidade de exportação da anona visitada hoje pelo presidente do Governo Regional é um investimento de cerca de 100 mil euros e cuja capacidade aponta para processamento de cerca de três mil quilos por dia, "com as perspetivas a apontarem" para "uma exportação [continente e Reino Unido] de cerca de 40 toneladas no primeiro ano", diz o executivo.
Para esta linha de exportação foram realizados investimentos em caixas personalizadas (Anona da Madeira) e, para o próximo ano, o Governo espera proceder neste mesmo sítio à exportação de pera-abacate.
No âmbito da cultura da anona foram já aprovados, através do Programa de Desenvolvimento Rural da Região Autónoma da Madeira (PRODERAM), 28 projetos, cujo valor de apoio rondou os 1,2 milhões de euros, refletindo um valor de investimento na ordem dos 1,8 milhões de euros. Nestes 28 projetos, existem quatro em modo de produção biológica.
Desde junho de 2000, pelo Regulamento (CE) n.º 1187/2000, da Comissão, de 5 de junho, a "Anona da Madeira" é uma Denominação de Origem Protegida (DOP).
A partir daquela data, a "Anona da Madeira" passou a estar protegida em todo o espaço da União Europeia contra qualquer usurpação, imitação ou evocação, ou qualquer outra indicação falsa ou falaciosa quanto à proveniência, origem, natureza ou qualidades essenciais do produto, como ainda qualquer prática suscetível de induzir o consumidor em erro quanto à verdadeira origem do produto.
Até 2010, esta DOP teve como agrupamento gestor a Agripérola – Cooperativa Agrícola, CRL. e, por extinção desta, a partir de 2011, esse reconhecimento foi conferido à Associação de Agricultores da Madeira.
A Escola Agrícola da Madeira tem realizado, por seu lado, várias formações sobre esta fruta, nomeadamente ao nível da poda e produção.
Em 2017, a produtividade desta fruta aumentou, com a produção total a ascender a cerca de 1.316 toneladas. No mesmo ano, a Direção Regional de Agricultura apoiou os produtores de anona, com a realização de podas e de enxertias, respetivamente em 8.896 e 330 anoneiras, abrangendo um total de 175 explorações agrícolas/agricultores.
LUSA