"Do ponto de vista da ficção e das histórias da carochinha, o senhor primeiro-ministro pode dizer que está tudo cor de rosa, que vivemos no melhor país do mundo, que está tudo a correr bem, mas isso não é a realidade que nós sentimos nem vivemos", disse Miguel Albuquerque à comunicação social, no Funchal.
O chefe do executivo social-democrata madeirense comentava as declarações de António Costa no debate do Estado da Nação, na quarta-feira, na Assembleia da República, onde o socialista afirmou que a maior parte das questões que a Madeira coloca são "artificiais".
O primeiro-ministro referiu-se em particular à construção do novo hospital do Funchal, orçado em 340 milhões de euros, dizendo que só falta o contrato; aos juros da dívida da região autónoma ao Estado, indicando que haverá já uma poupança de oito milhões de euros; e ao subsídio de mobilidade aérea, considerando que não é revisto porque o Governo Regional não aceita a proposta apresentada.
"É o tal país das maravilhas em que o senhor primeiro-ministro vive e diz que vivemos, mas esse país das maravilhas não corresponde àquilo que o senhor primeiro-ministro continua a propagandear", afirmou Miguel Albuquerque, adiantando que "nenhum dos problemas da Madeira está resolvido".
O presidente do Governo Regional esclareceu que a Madeira continua a pagar o empréstimo do Estado, contraído no âmbito do Plano de Ajustamento Económico e Financeiro (PAEF – 2012-2015), à "taxa de juro agiota" de 3,375%, o que significa 12 milhões de euros.
"Isso é um absurdo e nada tem a ver com aquilo que o primeiro-ministro diz", realçou, indicando que, em relação ao subsídio de mobilidade, apenas os estudantes insulares pagam o valor certo da passagem – 66 euros – devido ao fundo especial criado pelo Governo Regional.
"Como o primeiro-ministro não viaja para a Madeira não tem de comprar as passagens aos preços pornográficos que TAP continua a praticar", alertou.
Miguel Albuquerque lembrou, por outro lado, que o Estado deve à Madeira 17 milhões de euros referentes aos subsistemas de saúde para as Forças Armadas, PSP e GNR, acusando ainda o executivo nacional de não ter avançado com a construção de uma única esquadra das quatro que prometeu.
O governante indicou também que o helicóptero de combate a incêndios florestais – operacional entre junho e outubro – é pago pelo executivo madeirense (600 mil euros), bem como a operação do ferry nos três meses de verão, que custa três milhões de euros.
"Nenhum problema está resolvido do ponto vista real", afirmou, vincando que "são problemas da assunção das responsabilidades do Estado relativamente aos princípios constitucionais da continuidade territorial e da coesão".
C/Lusa