Os partidos populistas de extrema-direita são muito mais propensos a difundir notícias falsas nas redes sociais do que os partidos de esquerda e utilizam-na como estratégia para “desestabilizar as democracias e obter vantagens políticas”.
O estudo “Quando é que os partidos mentem? Desinformação e Populismo de Direita Radical nos Partidos na Europa” analisou todas as publicações publicadas por deputados do Parlamento entre 2017 e 2022 nas suas contas da rede social Twitter em 26 países, entre eles o Reino Unido, EUA, Austrália e 17 membros da UE, incluindo a Áustria, Alemanha e a França, e onde Portugal está ausente da amostra.
Com base na análise da factualidade dos conteúdos partilhados por cada político de cada partido, a investigação revelou que os políticos de partidos populistas de direita radical são significativamente mais propensos a partilhar notícias falsas em comparação com os políticos de centro-direita, centro-esquerda ou de extrema-esquerda.
Populismo de direita radical fonte de difusão de desinformação
Petter Törnberg, investigador da Universidade de Amesterdão e um dos coautores do estudo, explicou ao jornal britânico The Guardian que “os populistas de direita radical estão a utilizar a desinformação como uma ferramenta para desestabilizar as democracias e obter vantagens políticas”.
Os autores do estudo sugerem, a desinformação favoreceu menos os populistas de extrema-esquerda, que incidem mais nas queixas económicas, do que os populistas da direita radical que enfatizam as queixas culturais e a oposição às normas democráticas, preparando um “terreno fértil” para a disseminação de desinformação.
No entanto, os investigadores referem com base em outros estudos que a maioria das pessoas não consome nem partilha intencionalmente e deliberadamente notícias falsas, que esta é uma prática que se concentra em indivíduos e grupos eleitorais específicos.
“Os resultados sublinham a necessidade urgente de os decisores políticos, os investigadores e o público compreenderem e abordarem a dinâmica interligada da desinformação e do populismo de direita radical”, alerta Törnberg.