“Aqui há um debate político com dois partidos diferentes: um partido quer falar com a China [o Kuomintang] e o partido da [atual] Presidente, Tsai Ing-Wen [o Partido Progressista Democrático, PPD], não quer ser parte da China”, afirmou o presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, o republicano Michael McCaul, numa entrevista à estação televisiva NBC, em resposta a uma pergunta sobre se a população de Taiwan quer um confronto militar.
“Penso que as próximas eleições, em janeiro, vão ser de enorme importância, porque creio que, como o ex-presidente Ma [Ying Heou, do Kuomintang] está neste momento na China, a China vai tentar influenciar essas eleições e conquistar a ilha sem disparar um só tiro”, sustentou McCaul, classificando o partido Kuomintang como pró-Pequim.
O congressista republicano participa num périplo por Taiwan, Coreia do Sul e Japão, iniciado após o encontro entre o presidente da Câmara de Representantes, o também republicano Kevin McCarthy, e a Presidente taiwanesa, Tsai Ing-Wen, no Estado norte-americano da Califórnia, que tem sido alvo de protestos por parte de Pequim.
O próprio McCaul se reuniu hoje com Tsai e sublinhou que o que aconteceu em Hong Kong (onde Pequim impôs o seu controlo sobre o território) e a invasão russa da Ucrânia, a 24 de fevereiro do ano passado, iniciando uma guerra que dura há mais de um ano e não tem poupado infraestruturas ou população civis, “abriram os olhos” à população de Taiwan que, por isso, está “muito nervosa”.
O congressista norte-americano sublinhou, assim, que a capacidade militar de Taiwan “não está ao nível a que precisa de estar” para responder a uma possível invasão chinesa.
“Não está ao nível a que precisam que esteja. Se vamos ter uma paz por dissuasão, necessitamos que as armas cheguem a Taiwan”, explicou McCaul, referindo-se ao fornecimento de armamento norte-americano acordado entre ambas as partes em dezembro.
O Kuomintang tem defendido uma aproximação à China, embora rejeite ser favorável a Pequim: o partido frisou que existe a necessidade de “tentar reduzir a tensão no estreito [de Taiwan] para promover os interesses da população e que as partes possam iniciar uma nova era de forma amigável”.
Trata-se do mesmo partido (o Kuomintang) que controlava o Governo chinês liderado por Chiang Kai-Shek e que foi derrotado na revolução maoista que culminou com a tomada do poder em 1949.
Na altura, o Governo pró-ocidental refugiou-se na ilha de Taiwan, cujo nome oficial é República da China, em contraste com a República Popular da China, com capital em Pequim.
Pequim considera Taiwan uma província chinesa rebelde e, na realidade, só 12 países de todo o mundo reconhecem formal e diplomaticamente Taiwan como um Estado independente.
Contudo, os Estados Unidos e seus aliados mantêm relações informais e apoiam com armamento a independência ‘de facto’ daquele território.
Lusa