O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, indicou no início da semana que gostaria que a União Europeia estudasse mudanças na sua estratégia, agora que o surto da variante Ómicron mostra que a doença está a tornar-se menos letal.
"O que estamos a dizer é que nos próximos meses e anos, vamos ter de pensar, sem hesitação e de acordo com o que a ciência nos diz, como gerir a pandemia com parâmetros diferentes", afirmou Sánchez na segunda-feira passada.
O chefe do Governo disse que as mudanças não deveriam ter lugar antes do surto de Ómicron ter terminado, mas os responsáveis sanitários precisam de começar a adaptar o mundo pós-pandémico agora: "Estamos a fazer o nosso trabalho de casa, antecipando cenários", acrescentou.
Ainda sobre a pandemia, Sánchez considerou que nenhum país pode dar lições, mas que todos têm de aprender com os outros, e reiterou que não pretende tratar a covid-19 como uma gripe "da noite para o dia", mas que terá de ser feita de acordo com critérios científicos, "sem pressa mas sem pausas".
Com uma das maiores taxas de vacinação em todo o mundo, a Espanha pretende evoluir para uma forma de tratar a covid-19 da mesma forma como se enfrenta a gripe ou o sarampo.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que ainda é demasiado cedo para considerar qualquer mudança a curto prazo na forma de luta contra a covid-19 e não tem critérios ainda definidos para declarar a doença como sendo endémica, mas os peritos da organização defendem que isso vai acontecer quando o vírus for mais previsível e não houver surtos sustentados.
Anthony Fauci, o médico principal responsável pelas doenças infeciosas nos Estados Unidos da América, disse que a covid-19 não pode ser considerada endémica enquanto não cair para "um nível que não perturbe a sociedade".
O Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças aconselhou os países a transitarem para um tratamento mais rotineiro da covid-19, depois do final da fase aguda da pandemia.
Numa declaração, esta agência afirmou que mais Estados-membros da União Europeia, para além da Espanha, vão querer adotar "uma abordagem de vigilância mais sustentável e a longo prazo".
No Reino Unido, o uso de máscaras em locais públicos e os certificados digitais vão deixar de ser obrigatórios a partir de 26 de janeiro, tendo o primeiro-ministro, Boris Johnson, anunciado na quarta-feira que a última vaga da doença tinha "atingido o pico a nível nacional".
A exigência de confinar as pessoas infetadas durante cinco dias completos continua em vigor, mas Johnson disse que procurará eliminá-la nas próximas semanas, se os números continuarem a melhorar.
As estatísticas oficiais apontam que 95% da população britânica desenvolveu anticorpos contra a covid-19, quer devido à infeção quer à vacinação.
"À medida que a COVID se torna endémica, teremos de substituir os requisitos legais por aconselhamento e orientação, exortando as pessoas com o vírus a terem cuidado e consideração pelos outros", disse Johnson.
Para alguns outros governos europeus, a ideia de normalizar a doença choca com os seus esforços para impulsionar a vacinação entre grupos que têm mais relutância.
Na Alemanha, onde menos de 73% da população recebeu as duas doses da vacina e as taxas de infeção estão a atingir novos recordes quase diariamente, as comparações com a Espanha ou qualquer outro país são rejeitadas.
"Ainda temos demasiadas pessoas não vacinadas, particularmente entre os nossos cidadãos mais velhos", disse o porta-voz do Ministério da Saúde, Andreas Deffner, na última segunda-feira.
A Itália está a alargar o seu mandato de vacinação a todos os cidadãos com 50 anos ou mais e a impor multas até 1.500 euros para as pessoas não vacinadas que aparecem no trabalho.
Os italianos são também obrigados a estar totalmente vacinados para terem acesso aos transportes públicos, aviões, ginásios, hotéis e feiras comerciais.