O deputado centrista Mário Pereira sublinhou que o Serviço de Saúde da região autónoma (Sesaram) é "altamente deficitário", considerando que os dados referentes ao aumento das listas de espera "não podem ser dissimulados" por mais "habilidades de linguagem" que utilize o PSD.
"Se o PSD não tiver maioria absoluta nas próximas eleições, preparemo-nos para uma mudança profunda no sistema de saúde", disse, durante a apreciação em plenário do relatório da comissão de inquérito às listas de espera no Sesaram.
A comissão de inquérito foi requerida pelo CDS-PP e contou com o apoio do grupo parlamentar comunista e do deputado independente Gil Canha, sendo que o relatório final foi aprovado no dia 19 de junho pelo PSD.
O CDS-PP, o PCP, o PS e o JPP votaram contra o documento.
"Queremos dignidade na oferta de saúde aos utentes", afirmou o deputado centrista, vincando que durante o Governo liderado pelo social-democrata Miguel Albuquerque, que tomou posse em 2015, as listas de espera só para cirurgias registaram um crescimento de 5.600 utentes, correspondendo a mais 5.100 madeirenses.
Mário Pereira indicou, por outro lado, que o tempo médio de espera para "cirurgias prioritárias" é de três anos e meio, realçando também que há mais de mil crianças que não estão incluídas.
O PSD defendeu o relatório aprovado na comissão de inquérito, considerando que é "sério e credível".
"Não vamos branquear a realidade das listas de espera", disse o social-democrata João Paulo Marques, lamentando, no entanto, que a oposição não reconheça o investimento feito pelo executivo no setor da saúde – cerca de 500 milhões de euros nos últimos quatro anos – bem como o reconhecimento manifestado pelos profissionais.
O relatório da comissão de inquérito às listas de espera no Sesaram concluiu que o problema é "realidade em todos os sistemas de saúde" e resulta da "dificuldade estrutural entre a procura dos utentes e a capacidade de resposta".
No caso da Madeira, as listas serão potenciadas pela inexistência de taxas moderadoras nos cuidados primários, bem como pela "dificuldade de contratação" de profissionais, pela "realidade insular" e pela "menor atratividade da prática médica" na região.
A comissão recomenda ao Governo Regional a publicação de uma portaria que defina os tempos máximos de espera e os critérios de colocação em lista, bem como o cruzamento de dados entre os setores público e privado para evitar a duplicação de utentes em espera para exames de diagnósticos.
C/LUSA