“Este orçamento era, na campanha eleitoral, ‘o mais à esquerda de sempre’, ganha a maioria absoluta, e revela-se o orçamento do afinal não. Afinal não melhora os rendimentos, afinal não protege o Estado Social, afinal não há diálogo na maioria absoluta. Nada nos surpreende”, afirmou Catarina Martins no encerramento do debate do Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), que decorre hoje no parlamento, e no qual o BE vai manter o voto contra.
Condenando que o OE2022 não atualize salários nem pensões à inflação, a líder bloquista afirmou que o “Governo optou por deixar em perda quem vive do seu trabalho, num momento em que a economia está a crescer e a produtividade a aumentar” porque “só os salários é que encolhem”.
“Finalmente, afinal não, este não é o orçamento da ‘maioria absoluta de diálogo’ que António Costa prometeu nas eleições. O orçamento sai do parlamento praticamente como entrou. O PS torceu o regimento, brincou às cedências, mas não mudou nada de significativo”, criticou.
Catarina Martins justificou o voto contra do BE, quer na generalidade quer agora na votação final global, com a recusa do partido “ser cúmplice de um orçamento de quebra de salários e pensões, num país de emprego precário e baixos salários, com serviços públicos a degradarem-se”.
“Bem sei que o PS vem a este debate instalado no conforto da maioria absoluta, mas os aplausos da bancada não substituem o confronto com a realidade. A avaliação deste orçamento não foi feita nas eleições, será feita pelo país nos próximos meses”, avisou, uma referência a uma declaração do primeiro-ministro, António Costa, que na abertura do debate orçamental na generalidade afirmou que a proposta do Governo quase foi referendada pelos eleitores nas legislativas de 30 de janeiro e foi aprovada pelos portugueses de forma inequívoca.