“Que desgasta, desgasta. Mas estamos aqui para confrontar o desgaste com mais motivação e mais capacidade. É assim que a açorianidade se expressa, designadamente na relação com a natureza. A natureza destrói, nós reconstruímos. Depois há quem queira promover o desgaste e nós, eu, reconstruo”, afirmou.
Na quarta-feira, o deputado único da Iniciativa Liberal (IL) no parlamento açoriano, Nuno Barata, rompeu o acordo de incidência parlamentar de suporte ao Governo Regional dos Açores, chefiado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro, e depois o independente Carlos Furtado, ex-Chega, também rompeu com esse acordo.
Hoje, em declarações aos jornalistas na sede da Presidência em Ponta Delgada, após uma reunião com a conselho regional da Ordem dos Médicos, Bolieiro definiu-se como o “fator de estabilidade” e afirmou que tem “procurado” que a instabilidade política “não afete a essência da aplicação prática das políticas”.
“As nossas políticas públicas estão a ser executadas, aliás em tempo recorde, perante um contexto tão difícil. Não só meramente político, que é, provavelmente, o menos gravoso. O mais gravoso foi o período pandémico, inflacionista, de guerra e de escassez de recursos”, advogou.
Questionado sobre se acredita que a atual solução política vai manter-se em funções até ao próximo orçamento da região (que deverá ser votado em novembro), o chefe do Governo dos Açores afirmou que “cada um responde por si”.
“Não dependendo de mim, não posso senão manifestar a minha confiança e o meu fazer para que as coisas resultem bem. Cada um assumirá a sua responsabilidade. Os fatores da instabilidade serão fatores de instabilidade. Os fatores de estabilidade sou eu que assumo a responsabilidade”, reforçou.
Bolieiro rejeitou ainda comentar as críticas do anterior secretário das Finanças do atual Governo Regional, Joaquim Bastos e Silva, que, num artigo de opinião publicado no jornal Açoriano Oriental, considerou que a atual solução governativa é instável devido às ingerências em diferentes áreas.
“O presidente do governo sou eu e sou que eu quem gere e conhece a realidade”, realçou.
Na sexta-feira, Nuno Barata, IL, e o independente Carlos Furtado admitiram negociar “ponto a ponto” com o Governo dos Açores para manter a estabilidade governativa na região, apesar de terem rompido os acordos de incidência parlamentar.
Na Assembleia Legislativa Regional, o executivo regional de coligação PSD/CDS-PP/PPM passou a ter o apoio de apenas 27 deputados em vez dos iniciais 29, mantendo um acordo de incidência parlamentar com o Chega.
Falta-lhe um deputado para assegurar a maioria dos votos no parlamento açoriano, que é composto por 57 parlamentares.
Lusa