Os deputados da Assembleia Legislativa da Madeira debateram hoje um voto de protesto contra a descaracterização do Mercado dos Lavradores, no Funchal, um dos locais mais visitados pelos turistas na Madeira.
A iniciativa foi apresentada pelo deputado independente (ex-PND), Gil Canha, que falou numa “descaracterização horrível” daquele espaço que, no seu entender, “iniciou-se há anos”.
O deputado falava das alterações efetuadas naquele local, apontando que a Câmara do Funchal, entidade que gere os mercados do concelho, “encheu-o de esplanadas e está a tentar imitar” espaços idênticos em Lisboa e Porto.
“Isto assusta-nos”, disse Gil Canha, acrescentando que a autarquia pretende “descaracterizar a Praça do Peixe” e que os preços praticados são “especulativos”.
As críticas foram secundadas por outros partidos, nomeadamente o deputado do PCP Ricardo Lume, que disse que a Câmara do Funchal está a praticar naquele espaço uma “política de terra queimada” e cobra rendas superiores a 600 euros por uma área aproximada de dois metros quadrados.
Raquel Coelho (PTP) argumentou que a modernidade não justifica este tipo de intervenções, porque os visitantes procuram a autenticidade.
Também mencionou que as alterações têm sido criticadas em publicações que avaliam as características, porque os visitantes falam de “roubalheira” e de “autêntica burla turística”.
Élvio Sousa (JPP) também defendeu que “o património tem de manter a sua autenticidade original”.
Por seu turno, a deputada da maioria do PSD, Rubina Leal, censurou igualmente os elevados valores das rendas praticados, uma situação que levou pessoas que ali trabalhavam a abandonar o local.
“Muitos viram-se obrigados a abandonar o espaço depois de 20 ou 30 anos e agora vemos expositores vazios” no mercado, realçou.
A discordância veio do deputado do BE, Rodrigo Trancoso, que assumiu ser necessário ter em várias situações “uma visão otimista”.
O parlamentar foi secundado pelo responsável da bancada do PS na Assembleia da Madeira, Victor Freitas, que considerou que o parlamento regional está “‘cafôfocentrico’”, porque dirige o foco das críticas para o candidato do partido nas eleições legislativas regionais do próximo ano.
“Esta não é a Assembleia Municipal [da Câmara Municipal do Funchal]”, afirmou, sustentando que “o ódio do PSD não se dirige contra o PS, Paulo Cafôfo (candidato e presidente da autarquia), mas contra os madeirenses que querem fazer a mudança”.
O voto de protesto vai ser votado na quinta-feira.
LUSA