Cerca das 08:00 (hora local, menos duas em Lisboa), como constatou a Lusa no local, António Costa chegou a Kiev, numa comitiva composta pela Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Kaja Kallas, e a comissária europeia do Alargamento, Marta Kos, que também iniciam hoje funções no executivo comunitário.
“Neste nosso primeiro dia em funções, eu, a Alta Representante e a comissária responsável pelo Alargamento deslocamo-nos a Kiev para transmitir uma mensagem clara de que defendemos a Ucrânia e continuamos a dar todo a nossa ajuda total à Ucrânia – apoio humanitário, financeiro, militar e diplomático -, como temos vindo a fazer desde o primeiro dia desta guerra de agressão [russa]”, disse António Costa em declarações à comitiva de jornalistas, incluindo a Lusa, no comboio noturno antes da chegada à capital ucraniana.
“Vamos falar do presente da guerra, mas também sobre o futuro comum europeu, do alargamento da UE, que inclua a integração da Ucrânia na UE”, acrescentou o antigo primeiro-ministro português.
Já Kaja Kallas disse ao pequeno grupo de jornalistas que acompanham a deslocação, incluindo a Lusa, que começar o mandato em Kiev, neste “espírito de equipa europeia”, dá “um sinal importante de que a Ucrânia é um tema para a Europa”.
“É uma boa mensagem […] de que estamos a fazer coisas em conjunto”, assinalou.
Destacando que a situação no campo de batalha “é muito grave”, Kaja Kallas defendeu que a UE deve “mostrar que a Europa está” com a Ucrânia e dar “esperança” relativamente à adesão ao bloco comunitário e à reconstrução do território.
Sobre António Costa, a chefe da diplomacia da UE disse ter tido já “reuniões muito boas” e vincou estar “muito otimista” em cooperar com o responsável português neste novo ciclo institucional da UE.
A deslocação de alto nível acontece após dias de intensos ataques russos contra infraestruturas energéticas críticas da Ucrânia e no arranque da estação fria no país, que se teme que seja crítica, razão pela qual a UE já mobilizou ajuda, além do apoio (político, humanitário, militar e financeiro) disponibilizado ao país desde a invasão russa em fevereiro de 2022.
Surge também dias depois de o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter afirmado que está preparado para terminar a guerra na Ucrânia em troca da adesão à NATO (das partes não-ocupadas do país), mesmo que a Rússia não devolva imediatamente os territórios apreendidos.
O antigo primeiro-ministro, António Costa, inicia hoje funções como presidente do Conselho Europeu, num mandato que se estende até 31 de maio de 2027 e no qual pretende tornar a instituição mais eficaz e promover a unidade europeia.
A primeira cimeira europeia de António Costa está marcada para 19 de dezembro.
Este é o primeiro português e o primeiro socialista à frente da instituição.
António Costa, que fez parte do Conselho Europeu em representação de Portugal durante oito anos (período em que foi primeiro-ministro), conhece já alguns dos líderes da UE, mas pretende, no seu mandato de dois anos e meio, encontrar pontos de convergência para compromissos entre os 27.
Sucede no cargo ao belga Charles Michel, que esteve em funções entre 2019 e até este sábado, num período marcado por crises como a invasão russa da Ucrânia.
Lusa