“Temos sim um corpo docente mais envelhecido, em quase todos os ciclos de ensino, mais de metade dos professores está acima dos 50 anos, muitos, mais de 60%, com problemas de ‘burnout’ e de saúde mental que exigem a atenção de quem decide”, destacou o presidente da Assembleia da República.
José Pedro Aguiar-Branco falava na cerimónia oficial de abertura do ano letivo, na Escola secundária Alves Martins, em Viseu, perante a comunidade escolar, primeiro-ministro, Luís Montenegro, ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, entidades civis, religiosas e militares da região.
Aguiar-Branco defendeu a “necessidade” de, na próxima década, se começarem a formar “muitos e bons professores” ou o país correr o risco de começar “a ter falta de professores, que já começa a ter”, o que leva ao desafio da “igualdade de oportunidades” para os alunos, já que os que têm “mais posses recorrem a explicadores particulares e fazem-no cada vez mais”.
“Os outros alunos, aqueles que a escola pública mais deveria ajudar, não têm essa alternativa. Quem acredita na escola pública como uma oportunidade de ascensão social tem de lutar pela excelência e pela exigência das escolas”, sublinhou.
O presidente da Assembleia da República disse que “os desafios são muitos e são conhecidos” e as reformas “não se fazem apenas nos gabinetes”, defendendo que “as melhores pessoas para resolver os problemas são as que estão mais perto e as conhecem no contexto e não através de relatórios”.
Depois da descentralização, Aguiar Branco defendeu que “é preciso fazer mais, é preciso que as escolas possam contratar os seus professores é preciso que estejam, cada vez mais, em relação com as comunidades locais com as empresas da região, com as autarquias, com a sociedade civil e com as famílias”.
“É preciso que tenham instrumentos para poderem resolver os seus problemas e os seus próprios problemas”, desafiou.
O presidente do parlamento dirigiu-se aos alunos para lembrar que Portugal comemora, este ano, os 50 anos do 25 de Abril, e defendeu que a escola pública como é hoje conhecida “é filha da democracia, mas a democracia também é filha da escola”.
“Não há democracia sem escolas livres, onde se ensine uma cultura cívica madura, respeitadora e comprometida com o país, por isso, peço-vos, confiem nos vossos professores, empenhem-se nos estudos, tenham a ousadia de irem além dos mínimos. O país precisa de vós”, apelou.
O Presidente da República cancelou a deslocação prevista para hoje de a Viseu para a sessão de abertura do ano escolar, “devido a indisposição gastrointestinal no final de um jantar de ontem”, quarta-feira, mandando uma mensagem de vídeo com o desejo de um bom ano letivo.
No vídeo que passou no início da cerimónia, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou a antiguidade da Escola Secundária Alves Martins, antigo Liceu, uma das primeiras 10 a ser construídas em Portugal, que comemora 175 anos.
“É justo que me junte a essa festa, condecorando-vos com o título de membro honorário da Ordem de Instrução Pública, uma expressão que vem da primeira República e que quer dizer Educação e, mal possa, aí irei entregar presencialmente a condecoração”, prometeu.
Lusa