"A Força de Defesa Nacional da África do Sul iniciou os procedimentos de destacamento no âmbito de um pedido de assistência do Comando Operacional e de Inteligência Conjunto para ajudar as agências da lei e ordem nas províncias de Gauteng e KwaZulu-Natal, respetivamente, a conter os distúrbios que atingiu ambas as províncias nos últimos dias", divulgaram hoje as Forças Armadas da África do Sul (SADF, na sigla em inglês) em comunicado, a que a Lusa teve acesso.
“Posso confirmar que os membros da SANDF foram destacados”, disse, por seu lado, o general Mafi Mgobozi, citado pela imprensa sul-africana.
Na manhã de hoje, o líder do principal partido na oposição na África do Sul, o Aliança Democrática (DA, na sigla em inglês), John Steenhuisen, instou o Governo a destacar as Forças Armadas para colocar fim à atual onda de violência e “pilhagens gratuitas” no país.
O líder da oposição sul-africana criticou a “relutância” do Presidente Cyril Ramaphosa em “agir decisivamente” para resolver a “guerra interna” no Congresso Nacional Africano (ANC, sigla em inglês), o partido no poder na África do Sul desde 1994.
Pelo menos 200 pessoas foram detidas e sete morreram nas ações violentas que afetam pelo quinto dia consecutivo várias áreas do KwaZulu-Natal e Gauteng, na África do Sul, divulgou hoje a polícia sul-africana.
Pilhagens a lojas e centros comerciais, assaltos, intimidação, confrontos armados com as forças de segurança e veículos incendiados prosseguiram na manhã desta segunda-feira, pelo quinto dia consecutivo, nomeadamente na capital económica Joanesburgo, onde reside a maioria dos emigrantes portugueses.
O centro da cidade de Joanesburgo é considerado pelos residentes locais uma “zona de guerra”.
Os manifestantes “barricaram” com pneus incendiados e entulho várias ruas de acesso à capital económica do país, disse o porta-voz da Polícia Metropolitana de Joanesburgo (JMPD, na sigla em inglês) Wayne Minnaar.
Várias áreas da Grande Joanesburgo encontram-se também afetadas pelas ações violentas, segundo a Polícia.
Residentes no KwaZulu-Natal criaram “grupos armados” para proteger negócios e residências na província e na área metropolitana da cidade portuária de Durban, relatou a imprensa local.
Os incidentes começaram na província oriental KwaZulu-Natal, onde nasceu o antigo chefe de Estado sul-africano Jacob Zuma, após este ter sido detido na sua residência, em Nkandla, na quarta-feira à noite pelas forças de segurança, para cumprir uma pena de prisão de 15 meses por desrespeito a uma ordem do Tribunal Constitucional, a mais alta instância judicial do país.
Na sexta-feira, os distúrbios alastraram-se a várias áreas de Joanesburgo, a maior cidade do país, na província de Gauteng, onde se situa também a capital da África do Sul, Pretória, e onde se localizam vários albergues dos Zulus, o maior grupo étnico do país.