António Costa fez estas referências ao Bloco de Esquerda e ao PCP sobre a opção Alcochete para a localização do novo aeroporto numa intervenção que fez na VI Cimeira do Turismo Português, na Fundação Champalimaud, em Lisboa, durante a qual apresentou a sua versão sobre a história dos últimos 15 anos em torno deste processo.
A Ideia de Alcochete, de acordo com o líder do executivo, partiu de um estudo feito pela CIP, então liderada por Francisco van Zeller, que contrariou a primeira opção pela Ota tomada pelo primeiro Governo de José Sócrates e que tinha maioria absoluta no parlamento.
“O mundo tem destas coisas: O Bloco de Esquerda e o PCP passaram a ser os grandes defensores da solução promovida pela CIP”, observou, numa intervenção em que também se referiu a mudanças de atuação por parte do PSD de Rui Rio na anterior legislatura.
“O PPD/PSD e CDS-PP tinham dificuldade de alterar a lei [que atribui poder de veto aos municípios}] para fazer cumprir a localização que o seu próprio Governo [de Pedro Passos Coelho] tinha escolhido”, advogou, numa alusão à opção Montijo.
Esta mudança no PSD, segundo António Costa, constituiu um problema para o seu anterior Governo, que não tinha maioria absoluta no parlamento e cujos parceiros parlamentares, o PCP e Bloco de Esquerda, eram contra a opção pelo Montijo.
“Portanto, nesta situação, não havia outra solução: Ou havia acordo com o PSD, ou não havia maioria para a alteração da lei. Pensei na minha ingenuidade que propondo o Governo do PS viabilizar uma solução do Governo do PSD/CDS não seria difícil ao PSD [de Rui Rio] proceder à alteração da lei para dar sequência a essa decisão”, observou.
No entanto, segundo o primeiro-ministro, tal não aconteceu.
“Tal como a realidade às vezes surpreende os pessimistas, também a realidade surpreende os otimistas. Para minha grande surpresa, verifiquei que também no PPD/PSD tinha passado a haver dúvidas sobre qual a melhor das soluções. Se era manter o que tinham decidido anteriormente [o Montijo], ou se era voltar ao tal estudo da CIP apoiado agora pelo Bloco de Esquerda e pelo PCP”, referiu.
António Costa alegou a seguir que a sua posição de princípio é de que as grandes obras públicas devem ser aprovadas por dois terços na Assembleia da República.
“Não há nenhum país do mundo em que a esquerda e a direita se distinguem por se defender o aeroporto aqui ou ali. Não há nenhum país do mundo com uma governação responsável que, perante decisões que transcendem o seu mandato e que vão estruturar o país para décadas, não pretenda uma solução com o maior consenso possível”, acrescentou.