Na sua intervenção na primeira ronda do debate do estado da nação, Rui Tavares deixou uma proposta concreta no âmbito da reforma florestal.
“A reforma da floresta só funcionará se for feita a partir do olhar de quem tem meio hectare de terreno. O Livre quer propor as ecoprodutivas locais, associações muito simples, menos rígidas do que as cooperativas, a que qualquer proprietário se possa associar e facilmente constituir-se como interlocutor do Governo”, disse.
Para o deputado e fundador do Livre, esta seria a melhor forma de os pequenos proprietários diminuírem custos e terem mais facilidade de acesso aos subsídios europeus, questionando o Governo se esta disponível para acompanhar esta “reforma feita a partir de baixo, que permitirá contar com as populações na ajuda ao combate aos incêndios”.
Na resposta, o primeiro-ministro defendeu que o atual quadro legislativo “permite todo o tipo de associação, entre produtores, entre produtores e municípios, de gestão de baldios”.
“Tudo hoje é possível, há um dado que hoje é fundamental: é fazermos mesmo o cadastro florestal”, afirmou.
O primeiro-ministro sublinhou que, por razões históricas, o cadastro florestal nunca avançou acima do norte do Tejo “e nem durante 48 horas de ditadura houve coragem de avançar para a região Centro e Norte”.
“Eu não digo que é mais fácil fazer em ditadura do que em democracia, mas o que está a ser feito hoje é historicamente muito difícil”, afirmou.
António Costa manifestou concordância com a posição de Rui Tavares sobre os benefícios da associação de proprietários.
“Enquanto não percebermos que, sem associação, não ganhamos escala económica que gere o valor que motive a proteção e pague o que é necessário para manter a floresta, não compreendemos como se faz a reforma da floresta”, defendeu.