O voto, apresentado pelo presidente do parlamento, Augusto Santos Silva, foi aprovado em sessão plenária por todas as bancadas à exceção das do PCP, que votou contra, e do BE, que se absteve.
“O seu papel foi essencial para o fim da Guerra Fria e para a transição democrática no Leste da Europa, após a queda da “Cortina de Ferro”. O seu contributo foi determinante para a abertura da Rússia ao diálogo e ao mundo e para o desanuviamento da tensão e lógica de confrontação que havia marcado a ordem internacional durante grande parte do pós-Segunda Guerra”, lê-se no voto.
O texto salienta que “foi também a sua ação que permitiu que fosse finalmente reconhecido às populações dos países do Pacto de Varsóvia e das nações da antiga União Soviética o direito de escolherem livremente o seu destino”.
“Líder político cuja visão permitiu as transformações históricas que estiveram na génese da consolidação de uma ordem mundial baseada em regras e fundada nos valores do multilateralismo e na resolução pacífica de diferendos, deixou um legado indelével para a paz na Europa nas duas últimas décadas do século XX”, é destacado no voto.
Lembrando que em 1990 Gorbachev foi laureado com o Prémio Nobel da Paz “pela sua liderança e contributo para a resolução pacífica de controvérsias internacionais e pelo papel desempenhado na aproximação entre o Ocidente e o Leste”, o parlamento endereça “as mais sentidas condolências” à família e amigos do antigo líder.
Uma das figuras políticas mais influentes do século XX, Gorbachev morreu no passado dia 30 de agosto aos 91 anos, quando, segundo o seu gabinete, estava em tratamento no hospital.
O antigo secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), entre 1985 e 1991, promoveu uma série de reformas que desencadearam o colapso do Estado soviético autoritário, a libertação das nações do Leste Europeu do domínio russo e o fim de décadas de confronto nuclear russo com os Estados Unidos e países ocidentais.
O legado de Gorbachev é controverso na Rússia, sendo-lhe atribuído por setores liberais o reforço das liberdades civis, nomeadamente a de expressão fortemente constrangida durante a ditadura comunista, mas ao mesmo tempo, por alguns líderes nacionalistas, decisões que levaram ao fim do império soviético.