“A Noite no mercado é um arraial que fazemos no Centro Português, uma recriação dessa festa muito típica da Madeira, que tem lugar cada 23 de dezembro no Mercado dos Lavradores (no Funchal)”, explicou à Lusa o “diretor de eventos” daquele clube.
Segundo Fernando de Oliveira, se trata de uma tradição que foi recriada pela primeira vez há “três mandatos (direções) atrás” por iniciativa da antiga dirigente Inês Carvalho.
“Cumprimos essa tradição e temos tudo igual ou muito parecido ao Mercado dos Lavradores: Há fruta, legumes e produtos frescos. Também produtos portugueses como os sumos Compal, e a carne-de-vinho-e- alhos. Há de tudo, precisamente para manter essa tradição”, frisou.
Por outro lado, o madeirense Agostinho Gomes Lucas, disse à Lusa que estava a passar a noite “tal e qual, como se estivesse na minha Madeira, recordando aqueles tempos e aquelas celebrações que se faz na noite do mercado no Funchal”.
“Para mim é um orgulho enorme sentir esta alegria, este calor humano, aqui no Centro Português de Caracas, recordando todas as nossas tradições, as nossas iguarias (…) estou muito entusiasmado, feliz de sentir isso, (…) o entorno que há aqui ao meu redor e isso me faz sentir alegre e ter orgulho de ser madeirense”, disse.
Agostinho Gomes Lucas explicou que há apenas dois meses regressou da Madeira onde viaja todos os anos, sublinhando que “levo isso no meu sangue e trato de recordar e viver as nossas tradições”.
Este comerciante fez finca-pé que “também na Venezuela a nossa comunidade nunca se esquece da nossa Madeira e a prova disso está em que temos cá tudo aquilo que se disfruta na noite do Mercado da Madeira”.
No arraial esteve também o ex-presidente do Centro Português, João da Silva Gonçalves, que sublinhou a importância de reativar, a noite do mercado, após a pandemia da covid-19, “para que os portugueses que não têm a oportunidade de ir à Madeira, se sintam como se estivessem lá, e compartilhem com a família”.
“Sinto uma alegria muito grande, sinto que na Venezuela conseguimos recriar uma tradição que é muito importante, que estamos ensinando aos nossos filhos. Estou muito orgulho de ser português, de ser madeirense”, frisou.
Para o arquiteto e empresário luso-venezuelano Nelson da Gama, a noite do mercado “significa a festa, a amizade, o encontro com as raízes”.
“Manter essas tradições cá na Venezuela é muito importante. Penso que temos de transmitir aos nossos filhos, aos nossos netos essa festa que mistura a alegria do Natal com a alegria do nascimento do Menino Jesus e é uma festa do trabalho que junta emoções, une corações e a fraternidade madeirense”, disse.
Também que durante a noite observou que estavam disponíveis muitos produtos tradicionais e que estava a pensar o que comprar para levar para casa.
A médico luso-venezuelana Ivette Henriquez explicou à Lusa que “teve a sorte de ter estado na Madeira, na noite do mercado” e que “foi muito lindo estar nesse lugar”.
“Lembro-me da lota do peixe, de ver as mesas (do peixe) todas limpas, das pessoas que estavam cantando e do ambiente que havia. Para mim foi muito lindo (…) As tradições fazem parte da nossa história. Conservar as tradições é honrar as nossas raízes, a nossa cultura, de onde viemos”, disse precisando que os pais e os avós eram madeirenses.
Por outro lado, explicou que em Caracas, na noite do mercado, “até ‘mariachis’ (cantores de música mexicana) e muitas coisas à venda”.
“Já comi carne-de-vinho-e-alhos, sandes de pernil de porco, pão com chouriço. Estou a dar a volta para provar as iguarias madeirenses”, concluiu.
Lusa