Embora os concertos da edição de 2016 do Festival Raízes do Atlântico só tenham início pelas 21h30 de hoje, o arranque do evento aconteceu pelas 11 horas com as atividades promovidas no âmbito da “Aldeia do Atlântico”, iniciativa paralela ao Festival que também decorre na Quinta Magnólia, e que visa sobretudo mostrar a importância da música como Património Cultural Imaterial.
Logo pela manhã, mais de 120 alunos do 2º ciclo do Ensino Básico da Escola Gonçalves Zarco e do Colégio do Marítimo visitaram a exposição “Sons da Nossa Gente – Castanholas da Tabua”, que ficará patente até sábado naquele espaço, e que tem como principal objetivo valorizar e divulgar estes instrumentos de percussão, peças únicas do nosso património cultural material e imaterial, que fazem parte do acervo do Museu Etnográfico da Madeira, entidade responsável pela produção desta iniciativa no âmbito do Festival.
Logo depois, assistiram ao workshop com o artesão Arlindo Lourenço que mostrou à jovem assistência como se criam as castanholas e como se toca este instrumento.
Logo depois do almoço, foi apresentado o novo CD de Vítor Sardinha, “As Cores do Meu Rajão”, uma edição que é apoiada pela Direção Regional da Cultura. O mais recente trabalho do músico e musicólogo é, acima de tudo, uma homenagem ao rajão, instrumento que é caso ímpar na música portuguesa, aliás, como referiu o autor, “o rajão é uma marca cultural da Madeira”, que até viajou para outras paragens, como o Havai, no final do século XIX, transformando-se depois no Ukelele.
No final da apresentação, foram oferecidos CDs aos alunos e professores presentes porque, como referiu a diretora Regional da Cultura, Natércia Xavier, “é fundamental sensibilizar desde cedo para o património cultural material e imaterial e para a riqueza da Madeira, ilha dos Cordofones”.
As atividades de hoje da “Aldeia do Atlântico” culminaram com uma conversa aberta com Carlos Seixas, diretor criativo e de produção de um dos festivais mais prestigiados de Portugal, Festival de Sines – Festival Músicas do Mundo, e Ana Charrua, diretora e produtora da agência Tumbao, responsável pela divulgação da música de Cabo Verde, sendo a agência que representou Cesária Évora e detentora da LusaAfrica, produtora dos álbuns dos principais músicos de Cabo Verde.
E como o momento era para falar de músicas do mundo, Carlos Seixas aproveitou a ocasião para afirmar que a “world music ou música do mundo não é um género, mas sim uma atitude”, uma forma de olhar para todos os géneros musicais sem fazer distinções entre eles.