De acordo com a televisão pública ARD e o diário Süddeutsche Zeitung, citados pela agência France-Presse (AFP), a Volkswagen foi convocada para uma audiência em tribunal em Brasília, devido a uma notificação enviada pela justiça local no dia 19 de maio.
Questionado pela AFP, um porta-voz da Volkswagen assegurou que a empresa levou "muito a sério" o assunto e os "eventuais incidentes" sucedidos, "sobre os quais se baseiam as investigações das autoridades judiciais brasileiras".
O grupo alemão não quis acrescentar mais informação "devido a um possível processo judicial".
Os factos alegados remontam ao período entre 1974 e 1986, durante a ditadura militar que liderou o Brasil entre 1964 e 1985, e já há vários anos que antigos funcionários do grupo procuram indemnizações, até hoje sem sucesso.
As denúncias examinadas pela justiça brasileira afirmam, segundo a imprensa alemã, o recurso, por parte do construtor automóvel, a "práticas esclavagistas" e ao "tráfico de seres humanos", acusando o grupo de ser cúmplice de "violações sistemáticas dos direitos humanos".
À data, o grupo planeava construir um grande campo agrícola junto à bacia amazónica para o comércio de carne, denominada Companhia Vale do Rio Cristalino.
Centenas de trabalhadores diários e temporários foram recrutados na época para trabalhos de desmatamento, em particular em 70 mil hectares, através de intermediários, mas, segundo a imprensa alemã, provavelmente com o consentimento da direção do fabricante.
Segundo a comunicação social germânica, que consultou mais de duas mil páginas de testemunhos e relatórios da polícia, os trabalhadores foram várias vezes vítimas de abuso e violência por parte de intermediários e guardas armados no local.
"Foi uma forma de escravatura moderna", disse à imprensa alemã o procurador brasileiro do Rio de Janeiro responsável pelo inquérito, Rafael Garcia.
Segundo o procurador, a Volkswagen "manifestamente não só aceitou essa forma de esclavagismo como também a encorajou, porque era mão de obra barata", acrescentou.