Os reguladores financeiros do Reino Unido estão a investigar uma queixa segundo a qual os bancos britânicos terão inadvertidamente permitido a lavagem de dinheiro ligada a corrupção na África do Sul, pelo Presidente e pela família empresarial Gupta.
De acordo com a agência de notícias AP, o ministro das Finanças britânico, Philip Hammond, enviou as alegações que constam de uma carta do antigo ministro Peter Hain para a Autoridade de Conduta Financeira, a Agência Nacional do Crime e o Gabinete de Fraudes Graves (Financial Conduct Authority, National Crime Agency e Serious Fraud Office, nas designações originais).
Na carta enviada ao ministro das Finanças, Hain expressou preocupações segundo as quais vários bancos, incluindo o HSBC e o Standard Chartered, podem ter estado ligados à lavagem de dinheiro.
As alegações centram-se no Presidente da África do Sul, Jacob Zuma, e numa abastada família empresarial, os Guptas, com ligações próximas ao chefe de Estado sul-africano.
O HSBC rejeitou comentar estas acusações. O Standard Chartered também não comentou transações entre clientes, mas confirmou que "depois de uma investigação interna, várias contas foram fechadas no princípio de 2014" e vincou que leva o combate ao crime financeiro "muito a sério".
Várias notícias na imprensa local dão conta, nos últimos meses, de corrupção e tráfico de influências entre o Presidente e a família Gupta.
Jacob Zuma e a família Gupta, uma das mais proeminentes no país em termos empresariais, têm negado qualquer envolvimento naquilo que os críticos têm apelidado de corrupção, apresentando vários exemplos de fraude e apropriação de fundos públicos.
Os escândalos que estiveram na demissão do ministro das Finanças e na descida da avaliação do risco soberano pelas agências de ‘rating’ dois momentos importantes, já estão a afetar algumas multinacionais, como a Bell Potinger, uma empresa britânica de relações públicas que já abriu falência.
O Presidente da África do Sul, uma das maiores economias africanas, está no poder desde 2009, mas nos últimos meses tem estado envolvido em escândalos relativamente à utilização de dinheiros públicos e ao favorecimento da família Gupta.
No final do ano, Zuma deverá abandonar a liderança do seu partido, o Congresso Nacional Africano (ANC), e não deverá concorrer a um terceiro mandato nas eleições de 2019.
Apesar de sempre ter negado as acusações de favorecimento da família Gupta e de apropriação de dinheiros públicos, as críticas ao Presidente estão a avolumar-se desde os últimos meses.
Dentro do próprio ANC, Zuma tem sido criticado pela descida dos níveis de confiança dos empresários e pelo abrandamento da economia, que faz muitos dos seus opositores internos temerem pela perda da maioria absoluta que têm no Parlamento ou mesmo pela derrota nas eleições de 2019.
LUSA