No Boletim Económico de dezembro, divulgado hoje, a instituição liderada por Mário Centeno prevê um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 6,8% este ano, quando em outubro previa 6,7% e em junho 6,3%.
A previsão fica próxima da do Governo, já que no Orçamento do Estado para 2023, o executivo estima uma expansão do PIB de 6,5% este ano, mas o primeiro-ministro disse acreditar que chegue a 6,7%.
No entanto, o regulador bancário está mais pessimista relativamente a 2023 face a junho, prevendo um crescimento de 1,5%, quando anteriormente estimava 2,6%.
A previsão é ligeiramente mais otimista do que a do executivo que projeta uma expansão de 1,3%.
No que toca à inflação, o supervisor bancário volta a piorar as estimativas e projeta uma taxa de 8,1% este ano e de 5,8% em 2023, quando em junho previa 5,9% em 2022 e 2,7% em 2023 (em outubro já estimava uma taxa de 7,8% para este ano).
O Banco de Portugal (BdP) está, assim, mais pessimista do que o executivo, que prevê que o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor atinja 7,4% este ano e 4% em 2023.
Apesar da desaceleração do crescimento da economia em 2023 (ainda que preveja uma recuperação para 2024 e 2025), o BdP espera um crescimento acima da zona euro.
Deste modo, o supervisor antecipa um crescimento contido no primeiro semestre de 2023, levando a uma “moderação das despesas das famílias” e “algum adiamento dos planos de investimento das empresas e um abrandamento das exportações”, mas uma aceleração da atividade na segunda metade do ano.
O BdP prevê que o consumo privado passe de uma subida de 5,9% este ano para 0,2% em 2023, enquanto o consumo público aumente 2% este ano e 1,9% no próximo.
As previsões do BdP apontam para um crescimento do investimento de 1,3% este ano e de 2,9% no próximo e um aumento da procura interna de 4,3% em 2022 para 0,9% em 2023.
Estima ainda que o crescimento das exportações desacelere de 17,7% este ano para 4,3% no próximo, enquanto o das importações passe de 11,1% em 2022 para 3% em 2023.
No entanto, alerta que a incerteza em torno da projeção é elevada, com riscos descendentes para a atividade e ascendentes para a inflação.
“A principal fonte de incerteza decorre da evolução da crise energética na Europa, nomeadamente da possibilidade de se verificar escassez de gás exigindo um período de racionamento e cortes na produção, resultando em novas subidas dos preços internacionais de bens e serviços”, explica, considerando que tal levaria a que a taxa de inflação continuasse mais elevada durante mais tempo.
Adicionalmente, aponta, “existe a possibilidade de ocorrer um crescimento mais forte dos salários e das margens de lucro das empresas, com efeitos de segunda ordem sobre os preços”.