Apesar das advertências do agente de execução para que nada fosse levado dos escritórios da SAD, os administradores levantaram uma série de pastas e documentos e abandonaram o estádio em viaturas pessoais por volta das 13:00 horas, perante os protestos de quase meia centena de adeptos, na companhia da direção do clube.
O arresto de bens arrancou depois das 12:00 e foi pedido pela Engimov, a quem foi adjudicada sem concurso a construção do centro de estágios avense, cuja primeira pedra foi lançada em 15 de setembro de 2016 e tinha conclusão prevista para o início de 2018.
O investimento inicial de 3,6 milhões de euros (ME) previa três campos de futebol, balneários, estruturas de apoio e uma unidade hoteleira de 50 quartos, mas a empreitada está parada há vários meses e o terreno redundou num amplo descampado.
De acordo com uma investigação publicada pelo jornal Público em 08 de junho, apesar de o relatório e contas da SAD do Aves mostrar pagamentos na ordem dos 1,5 ME, a construtora sediada em Vila Verde exige uma verba em atraso superior a 400 mil euros.
Wei Zhao garantiu que os serviços jurídicos do Desportivo das Aves iam avançar com um processo na justiça, até que surgiu esta penhora de bens, no desenrolar de uma semana atribulada, na qual a direção do clube deu entrada na terça-feira com uma ação judicial no Tribunal da Comarca de Santo Tirso, a pedir a destituição dos órgãos sociais da SAD.
Este é o último episódio do diferendo entre as duas partes, na sequência da incerteza gerada em torno da realização da receção ao Benfica, na terça-feira, no encerramento da 33.ª jornada, que as ‘águias venceram por 4-0, à qual a SAD informou no domingo que não iria comparecer, devido à anulação da apólice de seguro de acidentes de trabalho.
A situação foi resolvida pelo clube no dia seguinte, quando venceu o terceiro mês de salários em atraso, que resultou nas rescisões dos guarda-redes Quentin Beunardeau e Raphael Aflalo, do defesa Jonathan Buatu, dos médios Aaron Tshibola, Estrela e Pedro Delgado e dos avançados Kevin Yamga, Rúben Macedo e Welinton Júnior.
Os futebolistas, treinadores e outros funcionários deslocaram-se em viaturas pessoais até ao estádio no dia do desafio, colmatando o desconhecimento do clube sobre o paradeiro das chaves do autocarro, a cargo da administração de Wei Zhao, que estava estacionado ao lado do veículo que transportou o vice-campeão nacional.
Os jogadores subiram ao relvado pouco depois de a SAD do Aves ter sido absolvida de um processo disciplinar associado ao incumprimento salarial de março a abril, numa decisão do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) idêntica ao desfecho sobre o atraso de vencimentos entre dezembro de 2019 e fevereiro de 2020.
A decisão do Conselho de Disciplina da FPF impede uma penalização de dois a cinco pontos, face aos 17 somados em 33 jornadas pelo Desportivo das Aves, que confirmou a despromoção à II Liga em 29 de junho e despede-se com a visita ao Portimonense, num encontro da 34.ª jornada, que será arbitrado por Hugo Miguel, da associação de Lisboa.
A SAD ameaçou na sexta-feira faltar à partida marcada para domingo, às 19:30, no Portimão Estádio, de forma a “salvaguardar a transparência na luta pela permanência”, receando “não reunir jogadores suficientes e que garantam uma equipa competitiva”.
Cinco dias depois, a administração recuou na intenção e frisou “estar a desenvolver todos os esforços” para assegurar a visita do Desportivo das Aves ao Algarve e “terminar a temporada com a dignidade e respeito que a instituição merece”, após a direção de António Freitas referir que já estava a tratar da preparação logística do encontro.
Os nortenhos começaram hoje a preparar o embate com o Portimonense, 17.º e penúltimo colocado e primeiro clube abaixo da zona de salvação, com 30 pontos, que luta com Vitória de Setúbal (16.º, com 31 pontos) e Tondela (15.º, com 33) pela permanência.