De acordo com informação disponível na plataforma ‘online’ de venda de bilhetes bol, no espetáculo, promovido pela Yellow Star Company, Ruy de Carvalho, “figura máxima do Teatro em Portugal, sobe ao palco, abre o coração e conta histórias inéditas da sua longa e inspiradora carreira”.
“Ao longo de cerca de uma hora, ninguém fica indiferente à sua faceta menos conhecida de contador de histórias. E porque não é todos os dias que temos Ruy de Carvalho perto de nós, o público é convidado a fazer perguntas ao ator, fazendo desta experiência mais do que um espetáculo, mas uma conversa intimista entre amigos”, lê-se no texto.
“Ruy, a história devida”, com encenação de Paulo Sousa Costa, também responsável pela adaptação de um texto de Paulo Coelho, estará em cena entre 12 e 26 de janeiro, no Auditório Taguspark, em Porto Salvo, no concelho de Oeiras.
Ruy de Carvalho nasceu em 01 de março de 1927, em Lisboa. Iniciou-se no teatro amador no Grupo da Mocidade Portuguesa, em 1942, na peça “O jogo para o Natal de Cristo”, numa encenação de Francisco Ribeio (Ribeirinho).
De 1945 a 1950, frequentou o curso de teatro/formação de atores do Conservatório Nacional, tendo-se formado em 1950.
A estreia profissional data de 1947, na então companhia Rey Colaço/Robles Monteiro, em “Rapazes de hoje”, uma comédia de Roger Ferdinand.
Teatro Avenida e Teatro Monumental foram salas onde atuou logo durante os primeiros anos, tendo feito parte de grupos como o Teatro do Povo, mais tarde Teatro Nacional Popular.
Em 1961, foi um dos fundadores do Teatro Moderno de Lisboa, grupo de teatro progressista que, à revelia da Censura da ditadura, pôs em cena autores nunca representados em Portugal.
Dois anos depois foi para o Teatro Experimental do Porto, onde encenou, pela primeira e única vez, uma peça: “Terra firme”, de Miguel Torga.
Companhia de Comédia Assis Pacheco, Companhia de Laura Alves, de Rafael de Oliveira, Companhia do Teatro Variedades e a Companhia de Teatro da RTP, residente no Teatro Maria Matos, em Lisboa, no início da década de 1970, foram estruturas de que fez parte ou com as quais trabalhou, assim como a Companhia de Teatro de Lisboa e o Novo Grupo – Teatro Aberto, entre mais de duas dezenas de estruturas teatrais.
Em 1978, Ruy de Carvalho regressou ao Teatro Nacional D. Maria II a cuja companhia residente pertenceu até 2000.
Com uma carreira variada no teatro, cinema e televisão, Ruy de Carvalho é o ator no ativo com mais longa carreira artística.
Em novembro, esteve patente do Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, a exposição “Retratos contados de Ruy de Carvalho: fotografias de arquivo do D. Maria II”, que assinalou os 80 anos de carreira do ator.
A mostra constitui um “itinerário fotográfico que abrange alguns dos momentos mais emblemáticos da carreira de Ruy de Carvalho”, como disse então à agência Lusa o curador da mostra, Nelson Mateus.
A fotografia mais antiga que exibida na exposição data de 1962, e retrata o ator com a atriz Carmen Dolores, na peça “Os três chapéus altos”.
Já a imagem mais recente data de 2009, e retrata Ruy de Carvalho e Virgílio Castelo quando contracenaram na peça de Ronald Harwood “O camareiro”, que aborda os bastidores do teatro, numa encenação de João Mota.
Pelo menos 50 fotos, umas a preto e branco e outras a cores, fazem parte da exposição montada na primeira ordem do teatro, no corredor de acesso à sala Garrett e que integra apenas imagens de arquivo do Teatro Nacional D. Maria II.
O incêndio que na madrugada de 02 de dezembro de 1964 quase destruiu todo o teatro dificulta a existência de fotos mais antigas de Ruy de Carvalho, no palco do D. Maria II.
O curador avançou à Lusa que pretende que esta exposição seja itinerante ao longo de 2023, acrescentando que, a todo o momento, serão acrescentadas mais imagens do ator, sobretudo as que deram origem a uma outra sobre a sua vida e obra, patente no início deste ano no Espaço Memória do Teatro Experimental de Cascais (TEC), bem como dos espetáculos que representou no Politeama.
No percurso de Ruy de Carvalho destacam-se dezenas de distinções, como os quatro Prémios da Imprensa para o Teatro (1962, 1981, 1982 e 1986), o prémio da Crítica Rádio e Televisão (1962), os prémios da Crítica de Cinema (1965, 1966 e 1971), os três Setes de Ouro do Jornal Se7e (1981, 1986, 1990), o Prémio Bordalo de Imprensa de Carreira (1995), os prémios de Carreira da Fundação Byssaia Barreto e da Universidade Lusíada (1999), assim como do Festival de Teatro de Almada (2009).
Foi ainda distinguido com a Medalha de Mérito Cultural do Ministério da Cultura, a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique (1993) e a da Ordem de Sant’Iago da Espada (1998), as insígnias de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada (2010), a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (2012), a Grã-Cruz da Ordem do Mérito (2017) e a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago (2022).