O livro "O Século dos Prodígios – A Ciência no Portugal da Expansão", de Onésimo Teotónio Almeida, é o vencedor do Prémio John dos Passos 2019, instituído pela Região Autónoma da Madeira.
O anúncio foi feito hoje, pelo presidente do júri do prémio, o professor universitário Marcelino de Castro, no encerramento do Congresso Internacional "John Dos Passos Vida e Obra”, que terminou na Ponta de Sol, na Madeira.
“O Século dos Prodígios”, editado pela Quetzal, reúne um conjunto de ensaios sobre o papel que Portugal e os portugueses desempenharam nos séculos XV e XVI no processo que alguns designam por “primeira globalização”, debruçando-se sobre o caráter pioneiro da ciência portuguesa naquela época.
“O nosso século XVI foi, verdadeiramente, um século de prodígios, cheio de inovação, de curiosidades e de especulação”, escreve o autor.
Neste livro, Onésimo Teotónio Almeida afasta-se tanto da perspetiva nacionalista, como da indiferença que geralmente marca a historiografia anglo-saxónica, ao ignorar o papel que Portugal teve na história da ciência e do conhecimento, descreve a Quetzal.
Um livro que é uma “revisitação desses anos de ouro da história portuguesa e a revelação de como, durante o ‘período da Expansão’, surgiu e cresceu um núcleo duro de pensamento e trabalho científico pioneiros, que tornou possíveis as viagens desses séculos – e dos posteriores”, acrescenta a editora.
Durante as últimas décadas, como professor em universidades americanas, Onésimo Teotónio Almeida viu-se no papel de historiador da ciência portuguesa, papel para o qual – refere na introdução do livro – nem sempre estava tão preparado quanto desejava.
Esta obra já tinha recebido, em novembro do ano passado, o Prémio História da Presença de Portugal no Mundo, da Academia Portuguesa de História. Foi também distinguido com o Prémio Mariano Gago da Sociedade Portuguesa de Autores e o Prémio D. Dinis, da Fundação Casa de Mateus.
Nascido em São Miguel, Açores, em 1946, Onésimo Teotónio Almeida doutorou-se em Filosofia pela Brown University, nos Estados Unidos, e foi diretor de vários departamentos naquela universidade, onde leciona uma cadeira sobre valores e mundividências.
Na Quetzal tem já publicados “Despenteando Parágrafos” e “A Obsessão da Portugalidade”.
O Prémio John dos Passos 2019 foi este ano atribuído na modalidade Ensaio.
Instituído em 2007, pelo município da Ponta do Sol, em homenagem ao escritor norte-americano John Dos Passos, autor de "Manhattan Transfer", descendente de portugueses, o prémio foi atribuído apenas em três edições – 2007, 2009 e 2011 – e foi agora retomado pelo executivo regional, no contexto dos 600 anos da descoberta das ilhas da Madeira e Porto Santo.
No encerramento do congresso dedicado a John dos Passos, o presidente do júri destacou a "grande qualidade de quase todas as 21 obras [apresentadas] a concurso" e as razões para a escolha, nomeadamente a "primazia do assunto e matérias tratadas, que respeitaram um tema maior da cultura portuguesa".
A secretária Regional do Turismo e Cultura, Paula Cabaço, por seu lado, garantiu ser intenção do Governo Regional dar "continuidade" a este prémio, que na próxima edição será atribuído na categoria de Ficção.
Pretende também o Governo Regional aumentar o valor monetário atual de 7.000 euros, "se necessário com recurso a outras instituições, inclusivamente ligadas aos Estados Unidos", para "atrair mais concorrentes e promover ainda mais o nome de John Dos Passos" e a sua ligação à região, lê-se no comunicado da Secretaria Regional do Turismo e Cultura, hoje divulgado.
C/ LUSA