"Estamos a falar de uma casa de fotografia oitocentista, a mais antiga do país, que passou por quatro gerações da mesma família, portanto estamos a falar de um património que diz muito aos madeirenses, fez parte do quotidiano e da vivência da Madeira", disse, em entrevista à agência Lusa, a secretária do Turismo e Cultura, Paula Cabaço.
O Atelier Vicente’s, agora renomeado Museu de Fotografia da Madeira, foi fundado em 1863 por Vicente Gomes da Silva e manteve-se operacional até 1978, ano em que o edifício, no centro do Funchal, e o espólio, com mais de 1,5 milhões de negativos, foram adquiridos pelo Governo Regional da Madeira.
Em 1866, três anos após a abertura da casa, Vicente Gomes da Silva recebeu o título de fotógrafo da Imperatriz Elisabeth (Sissi) da Áustria e, em 1903, o de fotógrafo da Casa Real Portuguesa, o que contribuiu ainda mais para a sua importância, tornando-se num dos estúdios mais bem apetrechados do século XIX.
O espaço abriu ao público em 1982 como museu e em 2014 encerrou para obras, tendo o executivo investido 1,2 milhões de euros na reabilitação do prédio e 500 mil euros, com comparticipação comunitária de 85%, no restauro e salvaguarda do acervo.
"Queremos ir mais além neste espaço museológico, queremos que o Museu de Fotografia – Atelier Vicente’s seja uma referência ao nível nacional e queremos que possa projetar a Madeira internacionalmente nesta área", afirmou Paula Cabaço.
O espaço reabre com uma exposição temporária, patente até outubro, intitulada "Tesouros da Fotografia Portuguesa do século XIX", mantendo, por outro lado, uma exposição permanente representativa dos vários autores incluídos no acervo, onde consta o espólio de praticamente todas as grandes casas madeirenses de fotografia dos séculos XIX e XX.
A secretária do Turismo e Cultura destacou o investimento feito na "reconstituição fiel" do estúdio, nomeadamente ao nível do mobiliário, adereços, material de laboratório e máquinas fotográficas, indicando que os visitantes terão até a possibilidade de ser fotografados com cenários da época.
Paula Cabaço explicou que a reconstituição do atelier inclui também uma apresentação da história dos processos fotográficos, do daguerreótipo às primeiras fotografias a cores, passando pelos dispositivos de lanterna mágica e pela estereoscopia (fotografia a três dimensões).