Os dados constam de um estudo económico global inédito, divulgado hoje por aquela confederação, sobre o impacto económico da Inteligência Artificial (IA) nos setores da música e do audiovisual, considerando que a IA generativa (que permite criar novos conteúdos) vai comprometer “substancialmente o rendimento dos criadores humanos nos próximos cinco anos”.
Segundo o estudo, dos 22 mil milhões de euros calculados de perda de receita, 10 mil milhões de euros dizem respeito a quebras na indústria musical e 12 mil milhões de euros são de perdas na indústria audiovisual ao longo de cinco anos.
Por outro lado, estima-se que o valor do mercado da música e do audiovisual com conteúdos gerados por Inteligência Artificial (IA) vai sofrer “um crescimento exponencial nos próximos cinco anos, passando de três mil milhões de euros para 64 mil milhões de euros”.
Porém, isso pode não significar um aumento de rendimento para os criadores e autores, uma vez que o desenvolvimento da IA generativa não tem sido acompanhado de respetiva regulação e a maioria dos modelos de IA utiliza, sem autorização, informações e conteúdos que são protegidos por direitos de autor.
O estudo económico detalha que, no caso da indústria musical, os conteúdos criados por IA podem gerar quatro mil milhões de euros de receitas anuais. No caso da indústria audiovisual, o impacto será de cinco mil milhões de euros de receitas anuais.
“São receitas que resultam diretamente da reprodução não licenciada do trabalho de criadores, o que representa uma transferência do valor económico dos autores para as empresas de IA”, lê-se no documento.
No audiovisual, o estudo refere, por exemplo, que a IA terá “um forte impacto” no trabalho dos profissionais de dobragens e legendagem, com perda de receita até 56%, e no dos argumentistas e realizadores, com perdas entre 15 e 20%.
O estudo demonstra ainda exemplos de utilização de IA generativa com impacto negativo nos dois mercados – do ponto de vista de remuneração e direitos dos artistas e criadores – como o recurso a música gerada por modelos de Inteligência Artificial em “alguns trabalhos audiovisuais de baixo orçamento, videojogos, filmes ou séries, como forma de reduzir custos”, ou ainda a utilização de dobragens e legendagens automáticas.
Segundo a confederação CISAC, o estudo, encomendado à consultora PMP Strategy, tem um caráter inédito por cruzar dados estatísticos sobre aqueles dois mercados, e entrevistas aprofundadas a especialistas e representantes do setor, nas áreas da produção, criação e difusão.
Lusa