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Imagem de Edição da obra em prosa de Antero de Quental prova génio do escritor
Foto: DR
Cultura 10 fev, 2025, 15:07

Edição da obra em prosa de Antero de Quental prova génio do escritor

A investigadora Ana Maria Almeida Martins, organizadora da obra em prosa de Antero de Quental, a publicar pela Tinta-da-China, define o autor oitocentista como “um génio” e lamenta que esteja esquecido e seja tão desconhecido dos portugueses.

O primeiro volume, “Antero de Quental. Prosas”, que chega esta semana às livrarias, reúne os textos de Antero escritos entre 1857 e 1866, em Coimbra, e será seguido por mais dois volumes com as prosas de Lisboa e de Vila de Conde, cidades onde viveu o autor açoriano das “Odes Modernas”, que acompanhou as “Tendências Gerais da Filosofia na Segunda Metade do Século XIX” (1890).

Ana Maria Almeida Martins lembrou como Eça de Queiroz falou do companheiro de letras, considerando-o “um génio que é um santo”. Em declarações à agência Lusa, a investigadora não hesitou em subscrever a afirmação, recordando a importância de Antero para autores como Miguel de Unamuno (1864-1936) e a Geração de 27, em Espanha.

Antero de Quental (1842-1891) “é um génio”, afirmou Almeida Martins, “um pioneiro” que ousou abordar temas como a condição das mulheres e a exploração do operariado, em pleno século XIX.

Nas “Odes Modernas”, publicadas em 1865, aos 23 anos de Antero, o escritor apela aos humilhados: “Não disputeis, curvado o corpo todo, as migalhas do banquete. Erguei-vos! Tomai lugar à mesa!”. Nos “Sonetos”, que remontam a 1842 e acompanham toda a sua vida, questiona: “Porque descrês, mulher, do amor, da vida?”

Ana Maria Almeida Martins garante que, nas “Prosas”, Antero de Quental vai mais longe: “Fico completamente pasmada. Como é que um rapaz de 17 anos começa a escrever sobre a influência das mulheres na civilização? Naquele tempo, quem queria saber das mulheres? Ninguém ou muito pouca gente”.

“O cuidado que ele tinha…”, sublinhou a investigadora, dando como exemplo o texto “A Ilustração do Operário” – “e entenda-se ilustração, à luz da época, como educação” -, “em que defende que os operários têm de ser instruídos para não serem enganados”.

Outro exemplo, que Almeida Martins considera “fantástico”, é o texto “A Indiferença em Política”, publicado originalmente em abril de 1862, e agora também resgatado por esta edição da Tinta-da-China.

Antero afirma aqui que “um dos piores sintomas de desorganização social, que num povo livre se pode manifestar, é a indiferença da parte dos governados para o que diz respeito aos homens e às coisas do governo”.

Um texto “atual”, considerou a investigadora, realçando a jovem idade de Antero, 17/18 anos, e o seu “trabalho extraordinário”.

“O trabalho que ele tinha… Há um bocado a mania de dizer ‘o Antero não trabalhava’. Ele, realmente, não andava de foice, martelo e enxada, mas trabalhava. Ele tinha uma cultura imensa, e a gente vê na biblioteca dele que ele lia. Os volumes estão anotados, e era tão novo”.

Ana Maria Almeida Martins recordou os antecedentes familiares propícios: “O avô tinha uma grande biblioteca que ficou para o filho mais novo, Pedro de Quental, padrinho de Antero, que a levou para Coimbra. Ele trabalhava, eram leituras muito bem digeridas”.

Para a autora, que se propõe dar a conhecer melhor Antero de Quental, além da poesia, com “sonetos pesados e tristes”, esta obra “revela” Antero. Há 50 anos, desde a edição de António Salgado Júnior, que as “Prosas” do autor açoriano não eram publicadas. E, antes dele, “desde os anos 1920 ninguém se preocupava com as ‘Prosas’, era o poeta, era o poeta e pronto”.

A ditadura do Estado Novo (1933-1974), na opinião da investigadora, ajudou a “esquecer” as “Prosas” de Antero, dando mais ênfase ao “Antero poeta”.

“Era perigoso durante o Estado Novo, o outro Antero [o das ‘Prosas’], não era nada agradável. Por isso, ficou lá nas brumas da memória. É isso”.

Cidadã honorária de Ponta Delgada, onde nasceu Antero de Quental, e doutora ‘Honoris Causa’ pela Universidade dos Açores, a autora considera que Antero “é pouco conhecido até em S. Miguel”.

Ana Maria Almeida Martins criticou os programas de Ensino Secundário que apenas contemplam os “Sonetos” de Antero, “que são de facto difíceis”. Assim, afirma, “desenvolve-se aquela ideia de que era um triste, um desiludido”. “E com o final de vida e tudo o mais, [a escolha apenas pelo ‘Sonetos’] afasta-o, porque muita daquele miudagem de 15/16 anos não quer saber daquele ‘chato’ que passava a vida a lacrimejar”.

A investigadora realçou “que muita daquela poesia fantástica tem muito de filosofia por trás e é à luz dela que muitos sonetos são compreensíveis”

“Por que não lhes dão [aos alunos] as ‘Causas da Decadência dos Povos Peninsulares’ (1871), que é um texto absolutamente atual? Em todas as casas portuguesas devia existir esse exemplar”, argumentou.

A investigadora lamentou que não seja só Antero de Quental um autor esquecido, nos dias de hoje, mas também outros do seu tempo, como Alexandre Herculano (1810-1877), que o açoriano admirava. E lembrou que este ano se celebra o segundo centenário do nascimento de Camilo Castelo Branco (1825-1890), “um grande, grande escritor”. “A ver se se faz alguma coisa”, desabafou.

Antero de Quental foi “um homem extraordinário, que [o escritor e filósofo espanhol] Miguel Unamuno considerou um dos expoentes máximos da Cultura portuguesa, no âmbito da ‘Geração de 70’”, movimento filsófico-literário que inclui Eça de Queirós e Oliveira Martins, “responsável pelo surgimento da ‘Geração de 98’, em Espanha”, que, entre outros inclui Unamuno, José Martínez Ruíz, ‘Azorín’, Manuel Machado e Ramón María del Vale-Inclán.

“Antero foi conhecido em França, traduzido na Alemanha por Wilhelm Ftorck, um grande lusitanista – e Antero sentiu-se orgulhoso por ter sido traduzido por quem tinha traduzido Camões”.

Ana Maria Almeida Martins espera que esta nova edição das “Prosas” contribua para “conhecer melhor Antero”, e não se ficar pelos sonetos e pequenos episódios como o duelo com Ramalho Ortigão (1836-1915), do qual, aliás, saiu vencedor.

Lusa

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