O júri do concurso de ideias para a reabilitação da Fortaleza do Pico, no Funchal, excluiu as duas únicas propostas apresentadas por não respeitarem as condições do caderno de encargos.
As duas propostas, pertencentes a um arquiteto em nome individual e um consórcio de dois gabinetes de arquitetura, propunham a criação de uma pousada que seria cedida a privados.
O júri considerou que a inclusão de uma pousada iria contra a intenção do governo que pretende manter visitável a infraestrutura, alegou a presidente, a arquiteta Maria Odília Camacho.
O júri considerou ainda que, dados os critérios propostos, os dois projetos não valorizavam o edifício enquanto património.
A Fortaleza do Pico de São João fica situada a uma altitude de 111 metros acima do nível do mar, ocupa uma área de 2.750 metros quadrados e é um dos monumentos mais emblemáticos do Funchal, com uma vista privilegiada sobre a cidade, datado do início do século XVII, e que, sob o domínio filipino, foi concluída por volta de 1639.
O projeto apresentado por Carolina Sumares considerava a existência de uma pousada, mas salvaguardava a fortaleza como espaço público.
"Apesar dos edifícios terem a função de pousada, toda a área exterior poderia ser visitável e seria destinada a um museu, com uma parte de apoio coberta a esse museu e que serviria para apreciar a cidade e a arquitetura militar" do edifício, explicou.
A proposta de Freddy César propunha, também ela, a criação de uma pousada, "que ficaria no último patamar" do edifício, e a criação de um museu ligado às especiarias, "já que a Madeira foi o local de charneira para as conquistas e para a procura das especiarias pelo mundo fora", argumentou.
O presidente da Ordem dos Arquitetos na Madeira, Rui Campos Matos, recordou que o prazo para a execução do projeto "era muito curto", tendo sido lançado pela vice-presidência do Governo Regional no final de 2014, com a apresentação de propostas a acontecer até dia 05 janeiro de 2015.
"Era um prazo de dois meses para a conceção de um projeto complexo, feito num monumento com grande presença na cidade do Funchal, que merecia ter sido olhado com mais atenção e mais tempo", apontou.
Recusou comentar a exclusão dos concorrentes, mas reafirmou a esperança de que sejam "criadas as condições necessárias" ao relançamento do concurso.